A limonada
Ainda vi e sentir o calor do sol quando tive que me arrastar até ao centro de saúde e até às comprar para trazer tudo o necessário para me curar. Sinto como se estivesse numa montanha russa, num momento estou bem e com vontade de fazer dezenas de coisas, e minutos depois parece que esse momento não aconteceu enquanto me arrasto para a cama agarrada à barriga. Uma autêntica ressaca sem bebedeira.
Por isso o dia me pareceu tão estranho, são os efeito em quem fica verdadeiramente doente numa segunda-feira. O timing não podia ser melhor, de facto, é uma espécie de aperitivo as férias da Páscoa que tardam em fazer a sua aparição. Isto, se esquecermos por momentos as dores horríveis e a espera no centro de saúde, a médica a pressionar a minha barriga até as lágrimas me saltarem dos olhos e a o regresso a casa carregada com os asquerosos limões (nem falemos em como me custou espremer-los).
Mas não me posso queixar muito, afinal de contas faltei às aulas numa segunda, para ficar em casa a beber limonada e a desfrutar do bom tempo.
No entanto, foi uma excepção este dia, porque este último mês mais parece o circo dos horrores. E ainda estou a digerir a enormidade dos egos que fui conhecendo.
Professores que gozam com as nossas capacidades só para se sentirem superiores foi a saudação de cada dia. A desculpa é sempre que a profissão (jornalismo= é muito dura (pergunto-me que profissão não o será), que os jornalistas são mais precisos que nunca para dar voz ao povo (claro, se primeiro mudarem a mentalidade e comportamento), que se deve bajular os nossos chefes e estar preparados para passar fome porque a crise é aterradora.
Mas neste momento o que me parece mais aterrador é mesmo a maneira como nos tratam. Concordo na necessidade de nos alertar para a realidade da profissão, mas daí a aplicar esses comportamentos em aula só vai causar uma coisa: a dureza do meio na vai mudar se fizerem lavagem cerebral aos futuros informadores.
Mais que criticar até ao mais ínfimo detalhe defendo que se deve adoptar a estratégia de motivar os alunos. Senão não há optimismo e determinação que lhe resista.