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Novos planos e novos caminhos

Cuidar de um blog assemelha-se muito a cuidar de um animal de estimação. Temos que alimentá-lo periodicamente com alimentos nutritivos, dar-lhe atenção, vigiá-lo e mudar o cenário de vez em quando.

Nos últimos meses não tenho cuidado bem deste blog, não tanto pela falta de tempo, mas mais por uma falta de criatividade e por um excesso de confusão.É verdade que mais um ano lectivo chega ao final e não ter qualquer plano fantástico e fora de série para o meu próximo ano é algo que me deixa desorientada. Sempre fui do tipo de pessoas que faz planos para tudo e, apesar de algumas pessoas pensarem que isso diminui a espontaneidade da vida, eu acredito que, pelo contrário, me estimula a buscar aventuras. Caso contrário duvido que fosse capaz de lutar contra a minha própria inércia.

A minha mente tem trabalhado furiosamente nos últimos tempos, buscando caminhos e inventando sonhos e depois de tanto tempo nessas divagações sinto-me cansada. E agora percebi que tinha deixado escapar uma coisa essencial: é impossível descobrir algo que goste se não reservo um tempo para ir simplesmente experimentando! Eu sei, que pensamento tão básico, mas demorei todo este tempo a compreendê-lo. Sempre achei que experimentar nesta vida era uma perda de tempo que não levaria a lado algum, mas para uma pessoa como eu, que tem imensos e díspares interesses, essa parece-me ser a melhor solução. Pode ser que aumente ainda mais o meu estado de confusão, mas deixar essa oportunidade passar certamente fará que daqui a uns anos eu me questione: "e se eu tivesse ido por este caminho?" e viver com essas dúvidas pode ser angustiante.

Se calhar foi com essa sensação de que não posso deixar escapar as boas oportunidades da vida que comprei, no passado sábado o meu novo animal de estimação. Sabia que as pessoas iam ficar surpreendidas mas nunca poderia prever as reacções que me esperavam, alguns trataram-me como se eu tivesse cometido um crime e outros ficaram a pensar que um derrame tinha danificado permanentemente o meu cérebro. Mas toda esta aventura fez-me perceber que verdadeiramente o que assusta as pessoas não é o animal em questão mas o facto de estarem a enfrentar o desconhecido ou, neste caso, histórias e mitos exagerados. Também percebi que há medida que vamos crescendo e assumindo e trabalhando a nossa identidade menor são as probabilidades de sermos aceites e compreendidos pelas pessoas que nos rodeiam. Por isso há que ser forte e aceitar aquilo que somos antes de qualquer outra coisa :)

Aqui fica uma foto da lyra, o meu novo animal de estimação, é uma cobra rei da florida com 31cm e é um dos animais mais pachorrentos que já tive...
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O início da recta final

Nem acredito que chegamos a meio de Maio, sinto como se tivesse dormido todos estes meses desde que cheguei a Madrid. Falta cerca de um mês e meio para acabar o meu mestrado em jornalismo e comunicação e só lamento não ter dedicado mais tempo a este blog, acho que me cansei de escrever sobre mim e sobre a minha vida.
O mestrado não é aquilo que eu tinha imaginado. E depois de ter ponderado tanto se devia dar ou não este passo parece-me estranho que as coisas não tenham sido como eu imaginei. Ser estrangeira (mesmo num país tão próximo) fez-me abrir os olhos a muitas coisas. As dificuldades existem: da língua, da cultura, de aceitação. São barreiras que às vezes me parecem demasiado imensas e contra as quais dificilmente se pode lutar.
Mas o que me custou mais perceber (e ainda estou a digerir) é o enorme peso que as nossas decisões têm nas nossas vidas. Depois de ter passado tanto tempo aqui por escolha própria começo a acreditar firmemente que não há destino e ao início isso pareceu-me aterrador. Pensar que estamos predestinados a algo quase que nos isenta das responsabilidades, porque as coisas acontecerão de qualquer das formas, ou pelo menos era assim que eu pensava.
Estar em Madrid a viver sozinha com as consequências das minhas decisões ensinou-me que esta vida é minha e o que importa realmente é o que eu decido fazer com ela. Percebi também que ninguém me vai dizer que caminho é o correcto, e mesmo que diga, esse caminho seguramente não será o correcto para mim. Por isso nas últimas semanas, enquanto me debato com trabalhos que não me preenchem, comecei a perceber a verdadeira importância de seguir os meus sonhos... mesmo que agora sinta que não vale a pena.



A música chama-se "The call" de Regina Spektor e acho que está em sintonia com o meu estado de espírito neste momento. Já que decidi dedicar o meu tempo livre a perceber os meus sonhos espero ter um dia a coragem de partilhar alguns deles neste blog, já é o momento de perder esse receio...
Terão notícias minhas em breve :)
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