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A força da Fé

Já que no anterior post escrevi sobre política (ou pelo menos tentei com a minha inexperiente opinião), hoje parece-me lógico (embora, duvido que sensato) falar sobre Deus.
A Fé, sempre foi uma força que moldou o meu carácter e minha forma de ver o mundo, embora, a maior parte da minha vida tenha vivido alheia ao divino. Nascida e criada por pessoas com cerradas tradições católicas, cedo as fui esquecendo, na descoberta da fantasia dos filmes e dos livros e mesmo na imprevisibilidade das amizades que fui criando.
No meu mundo de sonhos, nunca reservei um espaço para algo mais que agora sei ser superior a todos nós. Foi somente quando decidi, por puro instinto, embarcar em 2005 rumo ao desconhecido que acordou em mim o desejo de acreditar, que dormia seguro, embalado pelas histórias de fantasia que construía diariamente na minha cabeça.
Foi nas Jornadas Mundiais da Juventude em Colónia, Alemanha, que tudo começou, das quais apenas quis fazer parte pela oportunidade de viajar. Claro que na altura não me passaram pela cabeça os eventos católicos aos quais teria que assistir... mas já estou a divagar (talvez dê história para outra altura, em que eu tenha vontade de escrever e pouca coisa para contar).
Confesso que a intensidade da experiência, a sua fugacidade e o facto de me encontrar longe do meu lar, fez com que eu olhasse para as coisas de outra forma. E as coisas que descobri e aprendi a amar deram-me o impulso necessário para que eu quisesse prolongar essa experiência e levar os seus frutos para casa.

Falar sobre Deus e a Fé dos Homens torna-se, contudo, um assunto frágil e instável à luz das nossas dúvidas, e é daqueles temas cujos os argumentos não serão nunca suficientes para convencer os nossos pares, se estes decidirem não acreditar. Por isso mesmo, creio que hoje não será um bom dia para enveredar por esse caminho, sempre tive que manter a minha tendência de revelar demasiado sob um cuidadoso controle. Outra das minhas características camaleão, que já me ajudou tanto quanto me prejudicou ao longo dos tempos. Sou bastante transparente, se algo não me agrada não o escondo e odeio viver mentiras... sei que parece contraditório, vindo duma pessoa que passa a vida a sonhar.

Onde queria eu chegar com tudo isto... bem, creio que para o Homem sempre foi difícil aceitar a existência de forças que não pode ver nem sentir. Então, como poderíamos nós provar que é real? Penso que, quando algo é invisível aos nossos sentidos devemos procurar as suas manifestações no mundo material. O que nos leva a uma nova questão, que nos aprisiona num ciclo aparentemente sem fim. Uma pergunta que parece esquecida nos recantos da memória:
Mas afinal, o que é Deus? E que eventos provoca Ele nas nossas vidas?
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Relações

Há dias em que um inegavelmente lindo pôr do sol, consegue trazer-me a paz e a serenidade que necessito. Não posso negar que tenho uma faceta contemplativa e que, apesar de nunca (até hoje) ter sido capaz de perceber o seu propósito, acredito ser uma daquelas características que nasceu comigo... cujo carácter primário e completamente instintivo sempre me fascinou.

Num destes dias, numa viagem de carro, numa pausa da TV ou enquanto respirava apenas por uns minutos o ar puro, percebi que, o que tenho visto nos outros e mesmo no mundo não passa de um parco reflexo daquilo que sou.
Já muitas vezes me tinha deparado com esta afirmação, em fugazes olhares lançados a livros e prateleiras, revistas e anúncios... mas nunca a verdade me atingiu daquela forma, tão delicada e insensível.
Apesar de saber que é pouco possível que o consiga evitar, agora sei que, ao longo dos tempos fui preparando uma indistinta armadilha para mim mesma, com a mesma dedicação com que um amante prepara uma romântica noite com a sua amada. Armadilha difícil de quebrar sem entrar em conflito com as nossas próprias crenças. Armadilha essa que oculta aquilo que preferimos não ver. Que as relações que estabelecemos, nos definem muito mais do que desejávamos, a forma como somos tratados (com leviandade, complacência, arrogância...) é o nosso mais fiel auto-retrato. E certas palavras que ouvimos, ou comportamentos dos outros perante nós, trazem como que uma confirmação do reflexo que escondemos de nós. Não acredito que correspondam ao nosso verdadeiro eu, apenas são reflexo de como nos tratamos a nós mesmos.


Este domingo fui exercer o meu direito de voto... com a vaga esperança de que, finalmente estávamos próximos de uma mudança. Contudo, a vitória do PS não surpreendeu, com a fraca oposição do PSD e sem que qualquer movimento político, até à data, tenha conseguido ganhar influência suficiente, para se sobrepor aos actuais gigantes da política. O resultado apesar de esperado não deixou de me desiludir, tantas conversas e cartas lançadas, tanto desejos inflamados de mudança pareceram cair em temporário esquecimento, ou se calhar, apesar de tudo, o PS continua a representar o interesse das maiorias neste país.
Com a minha definitiva mudança para Madrid marcada para 10 de Outubro vejo-me impossibilitada de participar nas próximas eleições, no entanto, acredito que os resultados não se vão alterar em relação a anos anteriores.
O meu conhecimento sobre política e o seu funcionamento estão longe do desejado, mas sempre me senti fascinada pelas suas percepções. E, apesar de continuar a achar que a maioria dos detentores da tão afamada capacidade de "fazer política" são uns vagos idiotas engravatados, continuam a ser detentores de um poder capaz de mudar o curso das nossas vidas. Grande responsabilidade para tão levianos seres...
Perdoem-me se cometi alguns erros políticos, é apenas a opinião de uma jovem que só agora começa a perceber o verdadeiro alcance das sociedades humanas.
Até lá...

Música do dia:
"You found me", The Fray
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Verdades


Há verdades claras como água, há verdades escondidas, camufladas. Há verdades que nos enaltecem e motivam e há aquelas que nos deixam sem respirar.
Verdades que, quando ditas nem parecem aplicar-se a nós. Por isso, tentamos convencer todo o mundo do contrário, principalmente a nós próprios sem contudo percebermos que, o que dizemos são pequenas mentiras para adiar aquilo que, há muito, foi colocado diante dos nossos olhos.

Lidar com certas verdades pode demorar e, quando nos apercebemos do seu verdadeiro significado ficamos sem forças para avançar. Absorvidos na sua fatalidade acabamos por sentir pena de nós e dos tolos que somos. Contudo, mesmo após aceitarmos as nossas limitações hesitamos na encruzilhada que nos antecede. Esses caminhos que se desenham diante dos nossos estupefactos olhos fazem-nos pensar em nós.

Sou uma perfeccionista, a minha melhor amiga e pior inimiga, tecendo críticas quando mais ninguém o faz e palavras de conforto em dias menos bons. Sei que nunca serei suficientemente boa para viver à altura das minhas expectativas, mas também que desvalorizo qualidades que me definem exagerando os meus erros e limitações.
Mas, e agora? O que devo esperar de um futuro incerto quando me sinto tão pequena?
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o caminho a seguir...

Sinceramente, estou farta da minha escrita sem sentido, dos meus relatos sem comentários e reacções, dos temas repetidos, das palavras vulgares e da dedicação pouco motivada...
Hoje escrevo apenas para dizer que, num momento de silêncio durante uma oração de Taizé em Aveiro, percebi o quão ridícula tenho sido... sempre em busca de uma felicidade ilusória, irreal, não palpável. Uma felicidade que apenas vi definida por terceiros em livros e discursos inflamados. Uma felicidade pouco minha, um sentimento desconhecido.
Até que ficou claro para mim, a felicidade é uma escolha, um sorriso, um abraço, um brilho nos olhos, um apoio, um sonho. Não percebo como me deixei enganar por tanto tempo, mesmo depois das imensas e intermináveis discussões sobre o fragilidade humana que não chegam a lado nenhum.
Percebi que, posso mudar muito, ser a pessoa que sempre quis ser, atingir os meus sonhos, viver livre e feliz... mas, se eu não gostar de mim agora tudo o que eu fizer no futuro nunca será suficiente. Por isso sofremos todos de uma necessidade inexplicável, um desejo infindável de querer sempre mais. Enquanto não percebermos que o que temos neste momento é o suficiente, as nossas conquistas serão ocas, supérfluas, insignificantes.

É só a minha opinião...
Até breve
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Redescobrir o mundo

Agora que sinto, cada vez mais perto, o encerrar de mais um capítulo da minha vida, começo a pensar num futuro desconhecido que me espera com ânsia e curiosidade.
Pela primeira vez na vida estarei sozinha, num país que desconheço e sem pontos de apoio e referência. Apesar de eu não o admitir, a maior parte das vezes, isso assusta-me de morte, contudo, nessas alturas uma parte de mim permanece confiante de que esta é a escolha certa, é o caminho que devo seguir...
É um pouco avassalador, saber que me encontro só face ao meu destino, saber que o caminho permanece escondido por um imenso véu que insiste em não revelar o que oculta.

No entanto, não foi para esta conversa sem sentido que eu decidi escrever. Não sei se repararam, mas eu mudei o título do blog. Este título surgiu-me no outro dia, enquanto sonhava acordada a ver um programa sem sentido na televisão, ocorreu-me que talvez todas as coisas que haviam para ser descobertas já o tinham sido. Ocorreu-me também que, com tanto génios e inventores, o mundo se torna cada vez mais pequeno aos nossos olhos e que, cada vez mais parecemos misturar-nos numa sociedade que não nos representa e identifica...
A ambição, as ideias, o fogo... tudo isso parece insignificante, retratado em filmes e novelas que nos iludem e afastam do seu verdadeiro sentido.
Por isso pensei... qual o meu lugar aqui, afinal? Que posso eu fazer para me destacar...?
Mas agora eu sei, estas perguntas não passam de um beco sem saída. Continuar a insistir nelas seria como tentar que das cinzas se erguesse um fogo há muito extinto.
As perguntas que deveria estar a fazer a mim mesma são: o que me faz feliz? O que posso eu fazer pelos meus amigos e pelas causas em que acredito?
O mundo não passa de uma enorme e inconsciente massa, que traça um futuro que ela própria desconhece.

Assim, decidi desistir das razões erradas e das coisas que me sufocam, decidi viver como eu sinto que devo viver a fazer as coisas que me fazem feliz. Talvez não tenhamos um papel e um lugar no mundo, mas temos um lugar no coração daqueles que nos rodeiam e nos conhecem...
O que eu quero é levar aos outros um pouco de mim e daquilo que eu vou aprendendo. Quero redescobrir um mundo que descobri nos livros e fotografias... e viver a vida livre de amarras. Enfim, quero ser feliz.
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