Como lidar com o fracasso
Aconteceu comigo. Acontece com muita gente. E tenho a certeza que aconteceu contigo também.
Crédito: Maggie Smith
Nesses momentos apenas temos vontade de mandar à fossa a psicologia positiva e desistir. Não é nenhuma vergonha, nem sequer é um sentimento raro. Contudo, na cultura em que vivemos, tendemos a ver esse colapso como um sinal de fraqueza. Podemos lê-lo nos olhos dos outros e podemos lê-lo nos nossos próprios olhos, quando nos forçamos a encarar o espelho.
O fracasso não é agradável
Não te vou mentir. Nem tentar embelezar a situação. Colapsar, fracassar ou errar (como queiras chamar-lhe) não é agradável, nem sequer é bonito de se ver. Não é o momento em que damos um pulo e exclamamos "eureka" com uma expressão da mais profunda felicidade. E seria desumano fingir que desfrutamos de todo o sofrimento.
Não te iludas. Todos colapsamos, independentemente de estarmos ou não a ser bem sucedidos nas nossas vidas.
Alguns colapsos e quedas são maiores que outros. Mas não é por teres conquistado muito na tua vida que vais deixar de te sentir injustiçado perante o fracasso e gritar aos céus: "Eu não mereço isto...".
Todos sentimos pena de nós próprios, em algum momento das nossas vidas, e cedemos à tentação de nos arrastarmos pela lama. E isso é normal.
A pena e a tristeza são uma parte importante das nossas vidas. E se é verdade que a tristeza tolda o nosso julgamento, também é verdade que reprimí-la não costuma trazer bons resultados a largo prazo.
O significado da tristeza
Não é necessário espantar a tristeza. Por vezes ao derramar uma lágrima vemo-nos rodeados de pessoas que quase nos gritam "não fiques assim" como se fosse um mantra para afastar os maus espíritos. Mas a tristeza não é venenosa, por isso não é preciso afastá-la sem perceber antes o seu significado.
Uma coisa que aprendi com a tristeza e com o desespero é que estes costumam amainar quando vamos ao cerne da questão.
Á poucos dias, enquanto me arrastava pela lama e vestia o manto do "coitadinha de mim" dei por mim a fazer a seguinte pergunta:
"Porque é que eu estou assim afinal?"
Essa interrogação fez um baque no meu cérebro. E dei por mim a admitir que estava a chorar por algo completamente diferente daquilo que eu pensava inicialmente. E quando percebi exactamente o que é me estava a fazer sentir miserável a tempestade amainou.
Limpei as minhas lágrimas, limpei a lama das botas, peguei nas armas e fui provar a mim mesma que era capaz de lidar com aquela situação.
E apesar de ainda sentir uma réstia de ansiedade a tristeza evaporou-se.
No que devemos focarmos quando fracassamos
O mais importante quando enfrentamos os nossos erros não é a profundidade da nossa tristeza, nem sequer é o tempo que demoramos a erguer a cabeça.
O imporante é reconhecer que temos três opções:
- Podemos ceder aos nossos medos e desistir
O fracasso será como um espinho que irá manchar a nossa confiança em nós próprios.
- Podemos ignorar a nossa dor e voltar a fazer tudo da mesma forma
Repetir as nossas acções costuma trazer consigo resultados muito semelhantes. E, eventualmente, a dor tornar-se-á avassaladora.
- Podemos decidir aprender com os nossos erros e fazer as coisas de forma diferente
Fracassar é doloroso. Vamos recuar, agarrar-nos a um balde de gelado, enrolar.nos num cobertor, ficar a ver programas idiotas até altas horas, sentir pena de nós próprios e derramar mais algumas lágrimas depois de constatar que o nosso rabo ganhou mais celulite.
Mas não faz mal. Porque, quando tivermos inspirado profundamente e perguntado a nós próprios: "porque raio me sinto tão miserável!?". As coisas vão começar a fazer sentido.
Não é como caímos que é importante, é como nos levantamos. Não é como reagimos, é como agimos.
As reacção são acções do inconsciente moldadas por anos de aprendizagens que nem sempre são positivas e verdadeiras.
Mudar a forma como reagimos é difícil e demora tempo, muito tempo. Pode até demorar anos! Por isso, o importante é que te conheças, porque de cada vez que caires e começares a resmungar, uma luz vai acender-se e vais pensar: "ah! já me lembro deste sentimento, não vai demorar muito a passar...".
Com os anos acabarás por ganhar uma calma interior que virá com a experiência de superação de muitos obstáculos.
Até lá quero que saibas que por muito mal que te sintas ao cair, o importante é como decides levantar-te. Agarra nos teus erros e pergunta:
"O que posso eu fazer de diferente para ser bem-sucedido?"
Pensa nisso...