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Uma prenda de Natal para os meus leitores

Adoro esta altura do ano. O calor das lareiras, as luzes das decorações, os deliciosos doces tradicionais.

Mas o que mais me marca nesta época natalícia são os sentimentos que pairam no ar. Apesar do stress das compras, a maioria das pessoas tem sempre um sorriso pronto. Aproximamo-nos mais da nossa família e amigos. E, pondo de parte grande parte das nossas preocupações acabamos por desfrutar mais da vida.

Se tivesse que definir o Natal numa palavra escolheria: partilha. Na ceia partilhamos uma refeição, presentes e parte de nós com as pessoas que nos são mais queridas.

Por isso, este Natal queria também oferecer-vos algo de especial. Porque depois de mais de 6 meses a blogar vocês tornaram este meu projecto em algo muito especial.

Deixo aqui o meu presente e um muito obrigada a todos em forma de um pequeno conto. Espero que gostem.


Para uma melhor visualização recomendo que cliques em "Full" ou que faças o download do arquivo em formato pdf aqui.

Um feliz Natal e próspero Ano Novo.

P.S. Vou deixar de actualizar o blogue durante as férias, mas prometo voltar em força em Janeiro.
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O maior inimigo do sucesso

“Quem quer passar além do Bojador
tem que passar além da dor”

Fernando Pessoa, em “Mar Português”

Tug of war (créditos da imagem: toffehoff)

Todos temos limites. Momentos em que a dúvida nos paralisa. Momentos em que o medo nos impede de continuar.

Os limites são áreas escuras nas nossas vidas. Território intocável. Zona de conforto que não devemos nunca deixar, porque se nos mantivermos dentro dela tudo correrá bem.

Aprendemos a identificar esses limites à medida que crescemos, mas, muitas vezes, eles são-nos impostos por outros. “É demasiado complicado para ti…”, “Não devias sequer tentar…”, “Porque é que te arriscas tanto…?”. E mesmo que, no fundo, saibamos que isso não é verdade é sempre mais fácil aceitar essas palavras do que desafiá-las.


Além dos nossos limites

Quando comecei a praticar yoga parecia-me improvável que o meu corpo algum dia atingisse o grau de elasticidade que esta prática exige. Sendo uma aluna medíocre a desporto não tinha muitas expectativas de ser bem sucedida.

Depois de uns tempos percebi que era eu quem mais sabotava a minha própria evolução. Na minha cabeça exagerava sempre a dor e o desconforto que sentia e, muitas vezes, acabei por desistir antes de tentar sequer uma posição.

Neste período da minha vida aprendi a lidar com algo que mais tarde viria a reconhecer como: a resistência.

No yoga familiarizei-me com a dor, com o desconforto, e com o receio de quebrar os meus próprios limites. E com isso aprendi que os nossos esforços para quebrar esses limites vêm sempre acompanhados por uma dor e uma resistência de igual intensidade. Quanto mais arrojados formos, mais o nosso inconsciente e ego vão resistir a essa mudança.


Onde nasce a resistência?

No yoga a resistência apareceu sob a forma de dor física. Mas essa resistência nem sempre é física e, muitas vezes é difícil de identificar.

Percebi isso ao mudar-me sozinha para Madrid. Ao aproximar-se o início desse novo período da minha vida, a decisão que me parecia acertada há tão pouco tempo, de repente começou a parecer-me uma tolice.

Ao afastar-me tanto da minha zona de conforto accionei todos os alarmes no meu cérebro primordial. A parte do nosso cérebro que apenas se preocupa em assegurar as nossas necessidades básicas e a nossa sobrevivência.

Quanto maior for a mudança ou o risco a que nos propomos mais drástica vai ser a reacção do teu cérebro primordial. Porque quanto maior o sonho que queres realizar maior vai ser o risco de que venhas a sofrer, maior a probabilidade de falhares e maior a probabilidade de seres humilhado.

Por isso o teu ego vai fazer de tudo para que falhes: vai amplificar os teus maiores receios, vai desenterrar as tuas experiências mais dolorosas, vai tentar persuadir-te a desistir e, em troca dos teus sonhos, vai conduzir-te a uma falsa sensação de segurança. Tudo para assegurar a tua protecção, tanto física como emocional.


A resistência e o sucesso

O segredo das pessoas bem sucedidas não é a inteligência, não é genialidade, nem sequer é criatividade. É a capacidade de persistir, de forçar os limites e de ultrapassar a resistência que todos experimentamos.

São muitas as pessoas fantásticas que vejo a conformarem-se com o rumo e a irrelevância das suas vidas. “Não sou capaz, não sou inteligente nem criativo o suficiente…”, são as maiores desculpas que contamos a nós próprios para evitar lidar com o risco e o desconforto.

Mas alcançar o sucesso não é uma questão de perfeição, de inteligência e muito menos de criatividade. Só quando comecei a levar este blogue a sério percebi que as ideias não se esgotam. O verdadeiro desafio consiste em levá-las até ao fim, especialmente quando sentimos que os produtos dos nossos esforços não são tão bons quanto gostaríamos.

Para crescer e para melhorar é necessário, publicar, publicar e continuar a publicar. Especialmente quando sentes que o teus talentos estão “verdes”, que as tuas capacidades ainda não estão completamente desenvolvidas. Porque se nunca tentares nunca saberás o que podes alcançar.


E se falhares?
 
Um dia li uma frase fantástica que ficou gravada a fogo na minha cabeça. Essa frase dizia mais ou menos isto: nunca confies nas pessoas que nunca fracassaram. Para essas pessoas a vida parece fácil, até ao dia em que fracassam.

Se nunca lidaste com o verdadeiro e duro fracasso como sabes qual vai ser a tua reacção quando ele vier bater à tua porta? Vais quebrar, ou vais levantar-te mais motivado para continuar?

Seja de que forma for o fracasso traz aquilo que o sucesso nunca nos trará: sabedoria. Quem nunca o experimentou é porque nunca tentou ir para além dos próprios limites. O fracasso é uma bênção disfarçada. É um sinal de que estamos a fazer algo verdadeiramente emocionante e de que estamos prestes a atingir os nossos objectivos.

Nos últimos anos cresceram os estudos sobre a capacidade de lidar com o fracasso, a essa qualidade chamamos de resiliência. Lentamente, começamos a perceber que a mente domina sobre a matéria, e que um passado doloroso não é sinónimo de um futuro angustiante.

Ser corajoso e aceitar riscos implica também aceitar a possibilidade de fracassarmos (ainda que temporariamente). Implica aceitar os nossos medos e aprender a lidar com eles. Como dizia a minha professora de yoga, a dor é nossa amiga. Sem ela não teremos nunca a certeza de estarmos a desafiar os nossos próprios limites.

Se quiseres saber mais recomendo que assistas a esta inspiradora conferência de Seth Godin.


Seth Godin: Quieting the Lizard Brain from 99% on Vimeo.


Se nunca tentares ir além dos teus limites apenas vais receber o mesmo de sempre. O que tens que fazer é perguntar-te se te sentes satisfeito com isso.


Os vossos medos algum dia vos impediram de arriscar?

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Os sonhos e a longevidade da alma (parte 2)

Na primeira parte desta série de artigos discuti o valor dos sonhos para a nossa felicidade.

Nesta segunda parte escrevo sobre alguns dos exercícios que tiveram um profundo impacto na minha vida e me ajudaram a definir metas e a encontrar talentos e vocações.


Aprender a sonhar

Os sonhos não são apenas ambição, planos ou conquistas físicas. Não têm prazos de validade e não são uma moda nem nascem pela boca de estranhos e conhecidos. Os sonhos são produtos da nossa mente e da nossa alma.

Sonhar acordada (crédito da imagem: Xtream_i)

No entanto, ao crescer muitos de nós esquecem a doce arte de sonhar. Não falo sobre a arte de sonhar por puro prazer e diversão, falo sobre os sonhos que despertam em nós a força para lutar por uma vida e um mundo melhores. São esses sonhos que nos permitem conectar com as melhores partes de nós próprios e nos ensinam a desfrutar da nossa própria vida.

Existem muitos exercícios recomendados para quem deseja restabelecer essa ligação com a sua mente sonhadora. Os que apresento abaixo foram os que mais me ensinaram a sonhar:


     1) Visão do futuro

Para este exercício é necessário: silêncio e um bloco de notas.

Se alguém te entregasse uma bola de cristal e te mostrasse uma visão da tua vida dentro de 10 anos, o que gostarias de ver?

Fecha os olhos durante o tempo que for necessário para que uma imagem da tua vida dentro de 10 anos se forme na tua cabeça. O silêncio é importante porque deves estar atento aos teus sentimentos e reacções.

Escreve tudo aquilo que sentes, sem julgares, sem omitires pormenores, sem analisares. Quando sentires que não tens nada mais para escrever podes avançar para a segunda parte deste exercício.

Deves perguntar-te se, com as tuas atitudes e esforços actuais vais conseguir alcançar essa visão. Sê sincero: estás a fazer o suficiente? Ou estás à espera de uma solução mágica para os teus problemas?

Estás a adiar a tua felicidade? Estás a conformar-te com o rumo da tua vida?


Se estás a fazer este exercício o mais provável é que não te sintas satisfeito com o rumo da tua vida. Depois de perceberes aquilo que queres estar a viver dentro de 10 anos deves preparar-te para te comprometer com esse sonho. Não te preocupes se não sabes agora por onde deves começar. Isso não é importante, o importante é que te comprometas seriamente com esse sonho.


     2) No nosso funeral

Para este exercício precisas de: silêncio, um bloco de notas e uma mente aberta.

Este exercício sempre parece macabro a quem nunca ouviu falar dele. Mas ficarias surpreendido com a quantidade de profissionais que o recomendam quando nos sentimos perdidos na vida.

Como próprio nome indica devemos imaginar que estamos a assistir ao nosso próprio funeral. As perguntas que deves fazer a ti próprio são: O que gostarias que as pessoas dissessem sobre ti? Ou seja, como gostarias de ser recordado. E o que gostarias de ver escrito na tua lápide?

Este exercício é muito bom para descobrirmos um sonho a longo prazo, ou seja, para descobrirmos uma missão que gostaríamos de concretizar. Uma missão é algo muito mais profundo que um sonho, é antes o caminho que nos levará a viver uma vida cheia e realizada.


     3) Uma conversa com o nosso futuro Eu


Para este exercício só precisas de: silêncio, concentração e um bloco de notas.

Nem todas as pessoas têm facilidade de visualização, se calhar a tua imaginação prende-se mais em sensações, odores ou emoções do que em imagens propriamente ditas.

Embora ainda não se tenha provado acredito que existe uma forte ligação entre a leitura (principalmente de ficção) e a nossa capacidade de construir cenários na nossa mente. No entanto, este pequeno exercício funciona quer tenhas ou não essa facilidade.

Tudo o que precisas é de imaginar um cenário: pode ser a tua casa, um restaurante, um bar, uma praia. Escolhe o teu local favorito, e deixa que os contornos, sensações e odores se desenhem na tua mente. Isto ajuda-te a relaxar profundamente e prepara-te para o exercício.

Depois do cenário estar definido na tua mente imagina-te como parte dele, e imagina que te encontras com o teu futuro Eu, a pessoa que sempre quiseste ser. Observa como essa pessoa se move e comporta, absorve tudo o que puderes através da sua linguagem corporal (inclusivo como se veste).

Imagina agora que inicias uma conversa com essa pessoa. Pergunta-lhe o que quiseres: se está feliz com a vida que leva, quais os sonhos que já alcançou e aqueles que deseja ainda alcançar. Por muito ridículo que possa parecer acabamos por ficar surpreendidos com a pessoa que encontramos.

Normalmente essa pessoa é mais segura do que aquilo que nós somos neste preciso momento, é mais confiante, sorri mais e é mais madura.

Passei grande parte da minha vida a admirar secretamente a pessoa que eu queria ser, mas ainda estava longe de alcançar. Até que percebi algo que me fez mudar completamente de perspectiva.

Na verdade, nós já somos essa pessoa! A pessoa que muitas vezes nos parece rodeada de mistério, sucesso e boa sorte nasceu de nós. E como criação nossa faz parte de nós. Se não acreditas pensa assim: consideras as personagens e cenários dos teus sonhos como algo separado de ti? Eu pelo menos não considero, tudo aquilo que sonho pela noite é uma expressão daquilo que sou.

Por isso, todos os dias tenta pensar nessa pessoa ideal que sonhas ser e lembra-te que já a és.


Uma vez que 2010 se aproxima do fim a passos largos podes aproveitar as férias para realizar de forma séria estes os exercícios. Se desejares podes experimentar a visão do futuro para “veres” a tua vida no final de 2011.

De qualquer das formas depois destes exercícios é essencial que celebres um contrato contigo mesmo. Por muito ridículo que possa parecer, os seres humanos têm uma incrível tendência para esquecer as promessas que fizeram (especialmente se essas promessas exigem muito esforço da nossa parte). Escrever um contrato com os nossos sonhos e o nosso desejo de os concretizar permite-nos ter sempre presente esse compromisso que assinamos connosco próprios.

Senão corremos o risco de, dentro de 5 anos, estarmos tão embrenhados num emprego que, inconscientemente, iremos afastar os nossos sonhos do pensamento porque a vida, de repente, se tornou “complicada”, ou porque o momento não é o “ideal”.

Isso são desculpas que vamos contando a nós próprios para relegar esses sonhos a um canto, para os afastar da nossa mente. Podemos esquecê-los, mas a mágoa por não termos lutado por eles continuará a atormentar-nos até ao final dos nossos dias.

Gostaram dos exercícios? Quais são os vossos maiores sonhos?
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Os sonhos e a longevidade da alma (parte 1)


O Cavaleiro da Armadura Reluzente salva a Bela Princesa das garras do Dragão Malvado e os dois foram felizes para sempre.


Ou pelo menos era assim que acabavam quase todos os contos de fadas que nos ensinaram a sonhar na nossa infância. Nessa altura escutávamos as histórias com um brilho nos olhos, sofrendo quando os nossos heróis ficavam em apuros e dando pulos de alegria quando os seus sonhos, como por magia, se tornavam realidade.

 O cavaleiro e a espada (crédito da imagem: Hartwig HKD)

Os sonhos que nascem nessa época das nossas vidas acabam por crescer connosco, alguns evoluem e tornam-se mais reais, outros acabam por desaparecer ao deixar de nos servir.

No entanto, mesmo os sonhos mais maduros serão para sempre sonhos se não tivermos a coragem de lutar por eles.



Quando os sonhos são apenas refúgios para a mente

Os grandes sonhos nascem, muitas vezes, nas mentes mais insuspeitas. Nascem de quem vive preso a uma realidade asfixiante. E quanto mais asfixiante a realidade, mais exagerados os sonhos.

E quanto mais afastados da realidade, maior é o risco de que esses sonhos se tornem apenas em doces refúgios para a mente. Lugares nos quais nos sentimos protegidos de uma realidade angustiante, onde podemos viver livremente, enquanto, na realidade vagueamos pela vida como um barco à deriva.

Quando a vida acontece apenas nos sonhos acabamos por passar grande parte do nosso tempo a desejar que a sorte e a magia nos abençoem, como abençoaram, tantas vezes, os heróis dos nossos contos de fadas.

No fundo, estamos a desmarcar-nos da responsabilidade de concretizar esses sonhos, pondo tudo nas mãos dos outros e do Universo.

Alguns podem chamar esta atitude de realismo. Porque ao crescer somos encorajados a esquecer os nossos sonhos tolos de miúdos, para os substituir pela angústia de uma vida real.

Mas isso não é realismo. Isso é cobardia, é conforto, é segurança. E é por esses sentimentos que muitas vezes sacrificamos a nossa capacidade de sonhar com uma vida e um mundo melhores.


Existem sonhos grandes demais?

Um sonho só se torna irrealista quando desejamos guardá-lo só para nós, como forma de conforto e para apaziguar as nossas mágoas.

Não existem sonhos grandes ou sonhos pequenos, existem antes grandes ou pequenas pessoas. As grandes pessoas percebem que só a luta pelos seus sonhos lhes poderá trazer os mais doces desafios e as mais brilhantes vitórias.

Nenhum sonho deve ser reformulado para “encaixar” no mundo real. Um grande sonhador saberá que o mundo deverá, pelo contrário, “encaixar” no seu sonho.


No entanto, quando o sonho nos parece impossível de realizar devemos questionar-nos. Já que, muitas vezes, apenas sonhamos com situações e pessoas impossíveis porque não nos achamos merecedores do sucesso e da felicidade.

Para vencer essa paralisia provocada pelos desejos impossíveis é preciso perceber o motivo que se oculta por detrás dessa nossa visão de felicidade.

O desejo por fama, sucesso e dinheiro podem esconder uma profunda insegurança e uma baixa auto-estima. Mas a fama não traz felicidade, não traz amigos e nem sequer traz reconhecimento. O sucesso é passageiro e depende dos outros. Quanto ao dinheiro, sê sincero: quanto dinheiro precisas para ser feliz? A resposta é: quase sempre menos do que aquilo que desejamos. Se a felicidade para ti é viajar não precisas de ser milionário, precisas apenas de aprender a encontrar boas promoções e a definir diferentes prioridades na tua vida.

Os verdadeiros sonhos não se guiam pelos parâmetros da sociedade. São antes produtos da nossa alma.


Descobrindo os verdadeiros sonhos

Os verdadeiros sonhos não são os “algum dia…”, “se eu pudesse…” ou “quando tiver tempo…”. Os sonhos devem ser encarados como assuntos sérios, não como desejos efémeros de crianças e jovens tolos e inconsequentes.

Renegar esses sonhos em detrimento do conforto e da segurança é como retirar valor a nós próprios.
A sociedade, os carros, as casas, as viagens, as companhias ilustres passam a ser mais importantes que a nossa própria vida.

Para resgatar o nosso valor devemos sonhar em grande e devemos estar dispostos a abraçar as mudanças necessárias nas nossas vidas para concretizar esses sonhos. Porque uma vida sem sonhos é uma vida vazia, e uma alma sem sonhos é uma alma envelhecida, sem vigor e sem alegria.



Como encontrar esses sonhos? Bem, isso já é assunto para outro artigo.

Até lá, os comentários são todos vossos.
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O que fazer quando o nosso blogue deixa de crescer

Inspirado pelo artigo de Scott Young: Routine is the Enemy of Good


Começas um blogue e, nos primeiros meses, dedicaste a ele de corpo e alma. A cada artigo que escreves sentes que superas as tuas próprias expectativas e continuamente devoras as dicas doutros blogues de sucesso. A cada artigo que lês revês as tuas prioridades e continuas a inovar na arte de blogar na esperança de que as tuas palavras saiam dos limites do familiar e amigo e cheguem a outras pessoas e ao mundo lá fora.

Depois de um mês a blogar sentes-te um herói por ter chegado tão longe e orgulhoso de cada vez que pensas no teu pequeno projecto. Depois de dois meses continuas a sentir esse orgulho, mas começas a sentir uma pontada de tristeza pela falta de comentários e visitas. Depois de três meses notas já uma certa angústia a aflorar quando te deparas com o sucesso de outros blogues.



Boredom (créditos da imagem: Corrado Alisonno)

Aos quatro/ cinco meses a situação mantém-se, já tens alguns comentários e as visitas parecem crescer ligeiramente devido a todas as dicas que foste implementando ao longo do tempo. Mas, ao ouvires histórias de pessoas que tiveram sucesso em pouco mais de três meses, começas a pensar em desistir. Depois de seis meses de fraco crescimento deixas de te sentir motivado para continuar, olhas para os outros blogues e pensas que te falta algo para chegar ao topo... e se a situação não se alterar, em breve chegou o momento de atirar a toalha e dar por terminada a tua aventura.

Este sentimento de paralisia é conhecido por muitos blogueiros, mesmo entre aqueles que atingiram já um sucesso relativo. É como estar numa enorme sala de espera, aguardando que se abra a porta que nos vai levar a uma nova fase das nossas vidas.


Quando o sucesso não bate à porta...

Lidar com a falta de sucesso é um autêntico teste às nossas capacidades. No entanto é também uma oportunidade para aprender valiosas lições:


  • A ausência de sucesso não significa que fracassamos
Ouvir demasiadas histórias de sucesso pode levar-nos a criar expectativas demasiado altas. E quando o sucesso demora mais do que esperamos torna-se fácil perder a motivação.

Mas quem pode dizer-nos, com segurança, que fracassamos? Na verdade, ninguém, a não ser nós próprios. O poder de eliminar o nosso blogue e dar por terminada a nossa aventura está exclusivamente nas nossas mãos.


  • O sucesso vem dos outros e não de nós
Devemos aprender a separar a nossa necessidade pessoal de sucesso do processo de criação de conteúdos para o nosso blogue. Porque a falta de sucesso pode ser devastadora e pode até minar a nossa criatividade.

Por vezes, o sucesso demora mais do que esperamos porque precisamos ainda de aperfeiçoar os nossos talentos ou simplesmente porque ainda não nos deparamos com uma boa oportunidade para mostrar o nosso valor. Mas é sempre algo que não podemos controlar. Sozinhos não podemos alcançar o reconhecimento, ele parte sempre dos outros.


  • O sucesso não aumenta a nossa paixão e criatividade
Ser reconhecido por outras pessoas pode fazer maravilhas pelo nosso ego e auto-estima, mas não vai aumentar a paixão que sentimos ao blogar. O reconhecimento não tem que definir os nossos talentos, é apenas uma recompensa e não uma fonte de criatividade e motivação.



  • Alguns grandes talentos demoraram anos a ser reconhecidos
J.K.Rowling é uma escritora talentosa a gozar de um estrondoso sucesso, mas nem sempre foi assim. O sucesso duradouro requer experiência e maturidade, porque é necessário que estejamos preparados para lidar com ele.


A ausência de sucesso, seja em que área for, não deve diminuir o nosso valor. Porque, muitas vezes, é na sua ausência que superamos as nossas próprias expectativas.

Os elogios precoces podem diminuir a nossa motivação para continuar a inovar: levam-nos a parar os nossos esforços cedo demais, diminuindo a possibilidade de desenvolvermos o nosso verdadeiro potencial.


Enfrentando a ausência de sucesso

O primeiro ano como blogueiro deve ser encarado como um ano de aprendizagem. Por isso, enquanto não chega a merecida recompensa pelos nossos esforços devemos:


     1) Continuar a refinar a nossa arte

Ás vezes a sensação de não estarmos a evoluir é apenas aparente. Todas as horas perdidas, todos os artigos que não chegam sequer a ser publicados, todo o tempo “perdido” a ler e a comentar outros blogues estão apenas a aumentar a nossa experiência. Não deves ter medo de errar.

São esses erros em conjunto com a nossa experiência que vão construindo a nossa autoridade e credibilidade. Deve ser a nossa paixão a sustentar os nossos esforços e não o nosso sucesso.


     2) Procurar sempre inovar

Se estivermos constantemente a colocar desafios a nós próprios, a procurar ir para além dos nosso actuais limites, a abraçar dificuldades que actualmente parecem impossíveis de ultrapassar estamos a renovar a nossa motivação. Se realmente amas blogar, novos desafios podem ser como uma lufada de ar fresco para o teu blogue.


     3) Aprender a parar

Quando deixamos de desfrutar do nosso blogue e deixamos de sentir alegria ao escrever artigos significa que, interiormente sabemos que estamos a fazer algo que não nos agrada. Nesses momentos é muito importante aprender a parar, para podermos rever as nossas prioridades.

Ás vezes o tema do blogue deixa de nos preencher, às vezes ao tentar dar aos nossos artigos um tom mais “comercial” podemos sentir que nos estamos a afastar dos nossos princípios.

Steve Aitchison sugeriu um exercício interessante para descobrirmos os nossos princípios:

Numa página em branco vai escrevendo todos os comportamentos que não gostas nas outras pessoas. O contrário desses comportamentos e atitudes são as qualidades que mais admiras e, desde logo, são os princípios pelos quais reges a tua vida, quer sejas consciente disso ou não.


Exemplo: Não gosto de pessoas que adoram o som da sua própria voz e não sabem escutar. O que significa que admiro a capacidade de saber ouvir os outros e de respeitar as suas opiniões.


É a partir destes princípios que deves construir o teu blogue. Não a partir dos princípios que os outros dizem que deves adoptar. Se te conseguires manter fiel a ti próprio é muito mais fácil manter a motivação quando não crescemos tão rápido quanto gostaríamos.

No fundo, o nosso crescimento enquanto escritores e, como consequência, o crescimento dos nossos blogues dá-se mais por saltos irregulares do que de forma constante. O crescimento não é um processo lógico, é antes um caminho caótico e uma experiência desorganizada. Se amas blogar esquece o sucesso para já e limita-se a refinar os teus talentos, eventualmente uma oportunidade aparecerá e, nesse momento, estarás mais do que preparado para mostrar aquilo que vales.

E vocês, alguma vez pensaram em desistir do vosso blogue?

Mais uma vez, os comentários são todos vossos.
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7 dicas para crescer como escritor

Há um mito, amplamente difundido pela nossa sociedade, de que as grandes palavras fazem os grandes escritores.

Infelizmente (e isto é uma opinião pessoal) é com prosa complexa e confusa que se faz a grande escrita em Portugal, principalmente pelo punho de respeitáveis indivíduos que escrevem apenas para impressionar. Mas que ao fazê-lo se esquecem da nobre finalidade da escrita: aproximar as pessoas dos pensamentos íntimos do escritor.

Stephen King no seu livro: “On writing - a memoir of the craft” defende que a escrita é uma forma de telepatia. Tem o poder fabuloso de nos fazer usar a nossa própria imaginação. Poder que, até agora, nenhum outro meio conseguiu alcançar.

The harvest writer (créditos da imagem: John O'Nolan)

A televisão e a internet apoiam-se na imagem e entopem os nossos sentidos com sensações fabricadas. Na escrita o autor transmite os seus pensamentos mas não pode, nem deve, controlar os do leitor. Uma vez que, quando a mensagem alcança a mente do leitor as palavras ganham vida própria e o autor torna-se irrelevante.

Escrever para impressionar, pelo contrário, tem o poder de afastar as pessoas. Talvez a grande maioria pense que essa escrita com palavras “caras” seja sinónimo de talento e de superioridade, mas o grande problema desse tipo de escrita é que não chega a ninguém, e quando a escrita não chega à mente de outras pessoas é como se a obra nunca chegasse a existir.

Podem discordar, mas acredito que a maioria dos escritores dirá que escrever para o vazio é o mesmo que uma gravidez sem parto. Escrever não significa viver em isolamento, significa ter vontade de chegar às mentes e corações das pessoas.


Como chegar à mente das pessoas?

A escrita é uma arte quase impossível de ensinar, e é um caminho que se torna duro para quem deseja apenas o sucesso e a fama.

Claro que, actualmente, qualquer pessoa pode escrever um livro, não é a primeira vez que vemos apresentadores de programas da manhã a fazê-lo. Mas nem todos temos a capacidade e a paixão necessárias para nos tornarmos escritores. Posso sempre dar umas dicas e mostrar-te novos caminhos e direcções mas, como disse Morpheus: “És tu que tens que abrir a porta”.

Se amas escrever e sentes que o farias mesmo sabendo que podes nunca ser bem sucedido aos olhos do mundo, tens verdadeiramente a alma de um escritor. Portanto, vou mostrar-te um caminho:

     1) Faz da leitura uma parte importante do teu dia

Um conselho básico, repetido até à exaustão por muitos escritores e blogueiros, no entanto, é um conselho que nunca saí de moda e é fundamental para melhorar a nossa escrita. Os grandes escritores são, por norma, grandes leitores. E como disse Stephen King: até os maus livros nos podem ensinar sobre escrita, porque nos tornam conscientes daquilo que devemos evitar.

Encara a leitura como uma oportunidade de aprendizagem. E aprende a ler de forma consciente.


     2) Estuda a gramática

Conhecer bem a gramática do nosso idioma tem dois objectivos principais: saber estruturar as frases de uma forma que seja compreensível para os leitores e, mais importante ainda, saber que regras podemos quebrar para enriquecer os nossos textos.

Os escritores passam a vida a quebrar regras da gramática, mas o que os distingue é o facto de o fazerem de forma consciente. E são esses erros conscientes que nos ajudam a descobrir o nosso próprio estilo.

José Saramago tinha uma forma brilhante de “brincar” com o vocabulário. Mas, ao contrário doutros autores que apenas pretendem exibir a sua superioridade, Saramago colocava estas “brincadeiras” ao serviço da história e do leitor.

Para dúvidas sobre gramática recomendo: Ferramentas para a língua Portuguesa On-line.


     3) Mantém-te simples

Depois de obtermos o aspecto bruto dos nossos primeiros rascunhos é necessário fazer uma limpeza geral. Esta deve passar por eliminar palavras desnecessárias, substituir palavras complexas por sinónimos mais simples, evitar escrever na voz passiva (retira força às tuas palavras) e evitar o excesso de advérbios.

Os advérbios são usados para modificar o significado de verbos, adjectivos e de outros advérbios. Em frases do género: “O João olhou duramente para o seu adversário” o verbo que implica uma acção perde a sua força devido ao advérbio utilizado. É quase sempre preferível usar apenas verbos simples de acção para manter o leitor activo e interessado.


     4) Faz da escrita algo natural

Escrever muito é outro conselho fundamental e repetido até à exaustão. Mas existe algo neste ponto que quero realçar: não escrevas apenas quando te sentes inspirado.

A inspiração é como uma fada madrinha caprichosa que raras vezes aparece quando desejamos. Em vez de ficares à espera que ela apareça escreve, insiste mesmo quando achares que já se esgotaram as tuas palavras. Porque, mais tarde ou mais cedo, depois de 5, 10, 20, 100 páginas podes encontrar algo fabuloso.

E isto é algo que deves aceitar nesta jornada para refinar os teus talentos. Se fores capaz de persistir mesmo quando tudo te parece negro como um breu será muito mais fácil continuar quando a fada madrinha descer do seu pedestal para abençoar as tuas palavras.


     5) Escreve como falas

Ou pelo menos como falarias numa situação ideal. Porque quando lemos ocorre um processo designado de sub-vocalização. Isto significa que, durante a leitura estamos a “ouvir” mentalmente a nossa própria voz a recitar a palavra escrita.

Portanto, ler os nossos textos em voz alta ajuda-nos a perceber se a nossa escrita parece artificial. É também uma forma fabulosa de encontrarmos erros e descobrirmos formas de simplificar a escrita para facilitar a rapidez de leitura e melhorar a compreensão do texto.


     6) Acima de tudo desfruta do processo

Escrever sem ver reconhecidos os frutos do nosso trabalho costuma ser uma experiência penosa e desagradável. Todos passamos por esses momentos em que a nossa escrita parece não evoluir e começamos a questionar os nossos talentos.

Por isso é importante que aprendas a desfrutar da escrita, escreve para ti e para aqueles estão perto de ti. Se fores suficientemente bom para o mundo o sucesso virá naturalmente, até lá deves persistir nos teus esforços e desistir da tua necessidade pessoal de sucesso. Se encontrares a paixão e a felicidade na própria escrita, o caminho para refinares os teus talentos deixará parecer tão sombrio.


     7) Escreve a pensar em ti, edita a pensar nos outros

Quando nasce uma ideia o essencial é passá-la para o papel. Nesta fase, não importa se o texto tem uma sequência lógica, se está compreensível ou se tem o potencial de agradar a muitas pessoas. O importante é que passes tudo o que surgiu na tua mente para o papel ou para o processador de texto.

Depois de “materializares” as tuas ideias tens que certificar-te que entendes tudo o que escreveste e deixar o texto repousar. Quando te sentires emocionalmente distante da tua criação, podes começar a organizar as ideias de forma a que possam ser compreendidas pelos teus leitores.


Espero que as dicas tenham sido úteis. Mas tenho a certeza que este artigo ficará mais rico se estiverem dispostos a partilhar as vossas ideias.

No próximo artigo escreverei sobre como lidar com os períodos de paralisia de crescimento nos nossos blogues.

Até lá os comentários são todos vossos.


Onde comprar o livro do Stephen King "On writing: a memoir of the craft":

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O pequeno Guia de utilização da Amazon

Queria agradecer ao meu fantástico irmão, se não fosse por ele nunca teria conhecido a Amazon nem percebido o seu funcionamento (e truques também!).

Em 1995 um livro era enviado da garagem de Jeff Bezos em Seatle para aquele que seria o primeiro cliente da Amazon. Actualmente, com cerca de 31 mil empregados (2010) e com lucros anuais na ordem dos 360 milhões de euros (cerca de $822 milhões de reais - dados de 2007 pela Yahoo), a Amazon é uma das empresas mais influentes e rentáveis de comércio electrónico.

Jeff Bezos (créditos da imagem: Bussiness Insider)

Com sede em sete países (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e China), a Amazon tem crescido a um impressionante ritmo pouco afectado por distâncias e fronteiras. Um crescimento muitas vezes apelidado de escandaloso, que semeou o terror entre os comerciantes que hesitam em fazer a migração para o mundo digital.

No entanto, em países como Portugal e Brasil, a Amazon permanece nas sombras. Uma vez que, para além das barreiras óbvias do idioma inglês (e pelo facto de ser muito raro a venda de produtos em português) existe ainda o receio a realizar compras com cartão pela internet e a falta de informação sobre o funcionamento da loja online.

Comecei a comprar livros e outros produtos pela Amazon à cerca de ano e meio e desde então nunca me arrependi. Só quando partilhei essa minha experiência com amigos e conhecidos percebi o nível de desconhecimento sobre este gigante do comércio electrónico, mesmo entre aqueles que navegam habitualmente pela internet.

Mas antes de passar à explicação sobre o funcionamento desta loja é importante esclarecer uma importante questão...
Quais as vantagens de comprar pela Amazon se o posso fazer numa loja perto de mim?

A plataforma da Amazon reúne uma grande variedade de produtos, no entanto, para mim as vantagens encontram-se principalmente na compra de livros, DVD’s (muitos com legendas em português) e outros produtos electrónicos. As seis principais vantagens são:

1 - Acesso a conhecimentos mais actualizados

Excepto quando se trata de estrondosos bestsellers internacionais, os livros de boa qualidade (tanto técnicos como para entretenimento) demoram bastante em ser traduzidos e a chegar à prateleiras das livrarias nacionais. O que significa que, se nos queremos manter a par das tendência e da evolução de certas áreas de conhecimento devemos cultivar o inglês como segunda língua.

Com isto não pretendo desvalorizar o nosso idioma e cultura maternas, no entanto, para sermos capazes de acompanhar o ritmo de evolução global e de inovar nas nossas áreas de trabalho devemos reconhecer que a grande maioria da literatura de valor se encontra em inglês.
2 - Comunidade que partilha experiências

Ao contrário de outras plataformas de comércio electrónico os clientes da Amazon formam uma comunidade bastante unida. Por cada produto comercializado existem por vezes dezenas ou mesmo centenas de comentários e criticas por parte dos usuários, facilitando a busca de produtos que correspondam às nossas expectativas.
3 - Bons preços

Os livros usados comercializados pela Amazon chegam a ser vendidos por 0,70 euros (cerca de $1,6 reais), excluindo gastos de envio. No entanto, existem alguns descontos que podemos aproveitar para diminuir estes gastos (falarei deles mais adiante) e, no final, acabamos por poupar, uma vez que as versões traduzidas de certos livros são normalmente muito mais caras do que as obras originais.
4 - Empresa confiável

A marca e a página web da Amazon são bastante seguras e fiáveis. Para realizar a compra é necessário usar o cartão multibanco (normalmente é debitada da conta uma reduzida taxa pela transferência internacional), no entanto, se evitarmos usar redes públicas de internet e usarmos sempre o nosso computador pessoal este método é perfeitamente seguro.
5 - Grande apoio ao cliente

Nunca tive razão de queixa uma vez que as encomendas chegam sempre dentro do prazo previsto. No entanto, encontrei em diversos forúns que no caso da encomenda demorar mais do que o esperado basta contactar a Amazon que eles reenviam o pacote sem cobrar mais por isso. Como resultado, muitas pessoas recebem encomendas a dobrar e acabam por vender por bom preço metade dos produtos adquiridos.
6 - Organização

A organização da página web (que no fundo funciona como uma base de dados) facilita bastante a procura de produtos. É possível procurar por temas, autor, título da obra (completo ou usando apenas uma palavra). A Amazon organiza também os produtos em listas, pondo em destaque os produtos com os maiores descontos e os mais vendidos.

Além disso ao visualizar a página de um determinado produto aparecem sempre recomendações, tendo em conta os produtos comprados juntamente com aquele que desejamos.
Como comprar pela Amazon?

Para os residentes em Portugal as compras devem realizar-se através da Amazon.co.uk e para os habitantes do Brasil através da Amazon.com. Se nunca usaste este serviço antes o primeiro a fazer é criar uma conta. Para o fazer começa por clicar em “Start here” na parte superior direita da página.

Para começar o registo é necessário escrever o e-mail através do qual queres ser contactado (portanto não tem sentido dar um e-mail falso). E clicar na opção “Sign In”. Nesta etapa do registo a Amazon destaca já que o servidor onde são depositadas as nossas informações é perfeitamente seguro.

O resto do processo é bastante fácil e intuitivo. Depois de criares a tua conta podes começar a procurar produtos. Imagina que não tens nenhum livro em mente e por isso decides ver os mais vendidos. Para isso basta clicar no separador que diz “Books”.

Nesta página aparecem os livros em destaque. Para encontrar os bestsellers basta ir descendo e estar atento ao menu do lado esquerdo da página até encontrares o “Top 100 Bestsellers” ou “Best of 2010” (um separador especial nesta época natalícia). Como podes observar, neste momento, o livro de culinária do Jamie Oliver ocupa o primeiro lugar da lista dos mais vendidos.

Clicando no título do livro obtemos a página dos detalhes. Podemos ver que, até à data, a classificação média do livro é de 4,5 estrelas e que existem 189 “reviews” (comentários, opiniões) do produto. Se quiseres saber a opinião dos outros clientes basta clicar no número. Nessa página estará em destaque a crítica positiva e a negativa mais úteis, que muitas vezes me ajudaram a decidir se vale ou não a pena comprar o produto.

Mas voltando à página de detalhes do livro, encontram-se em destaque os preços do produto: a vermelho os exemplares novos e a laranja os usados. Esta edição está apenas disponível em capa dura (“hardcover”) que geralmente é mais cara que as edições em papel (“paperback” - ideais para quem gosta de poupar).

Muitas vezes acontece que os exemplares mais novos são os mais baratos, como é o caso. Isto pode acontecer quando os livros usados foram adquiridos a um preço superior ao actual e ainda se encontrem em muito bom estado.

Em “Seller Information” podemos ver que o vendedor pode ser a própria Amazon ou uma livraria independente. Para encomendas para Portugal, quando o volume de compras é igual ou superior a 25£ (cerca de 29 euros) e o vendedor de todos os produtos é a própria Amazon, a empresa oferece os gastos de envio. O que significa que se comprarmos 4 produtos que juntos valem 25£ mas num deles o vendedor não for a Amazon esta promoção deixa de ser válida.

Em produtos de vendedores independentes é sempre necessário pagar os gastos de envio, se comprarmos dois produtos da mesma livraria os gastos reduzem um pouco, mas não de forma significativa. E quando compras dois produtos de duas livrarias diferentes é necessário pagar os gastos de envio separadamente.

Tanto para Portugal como para o Brasil é necessário procurar, na página com os exemplares dos diversos vendedores, um vendedor que faça entregas internacionais (que na parte da informação sobre o vendedor apareça "International & domestic delivery rates"). No caso do livro do Jamie Oliver é o “bookfinder” que faz o preço mais barato com entrega internacional (o sexto na lista no dia em que realizei a consulta).

Clicando no botão “Add to Basket” somos direccionados para uma página com outros produtos recomendados. Se terminaste as tuas compras por agora basta clicar no botão “Proceed to Checkout” do lado esquerdo da página para iniciar o pagamento ou no botão “Edit Shopping Basket” se quiseres eliminar produtos.

Na primeira etapa do pagamento é necessário preencher os campos com a tua morada e clicar em “Dispach to this Adress”. De seguida é necessário seleccionar o método de pagamento: com cartão de crédito ou de débito. E terminar a compra.

Prontamente a Amazon informa da data estimada para a entrega da encomenda.

O processo de compra é incrivelmente simples de perceber. A página é também de uma navegação bastante intuitiva. Apesar de ainda não ter sede em Portugal nem no Brasil compensa comprar livros, jogos e mesmo DVD's pela Amazon devido aos seus preços bastante competitivos.
Depois deste tutorial ficaram com dúvidas? Alguma vez compraram através da Amazon?
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A busca pela sabedoria interior

Este artigo é a continuação d'O valor da solidão.

Acredito que para muitas pessoas seja difícil aceitar que desconhecemos muito do funcionamento da nossa mente. Mas a verdade é que ela se torna mais acessível quando nos dispomos a ouvir.

A sua voz chega-nos de muitas formas diferentes: através de sonhos, de intuições, de impulsos. Chega-nos também quando abrimos um livro qualquer ao acaso e lemos uma passagem para encontrar respostas à nossas dúvidas, ou quando conversamos com amigos. E por vezes, mesmo depois de já termos lido ou ouvido aquela frase dezenas de vezes algo nos salta à vista e atinge-nos como um raio, tornando a realidade mais clara para nós.

créditos da imagem: Taylor MacBride

Essa explosão de claridade acontece porque algo dentro de nós ressoa com aquilo que acabamos de ler ou ouvir. O que significa que para encontrar aquilo que é verdadeiramente importante devemos encontrá-lo primeiro dentro de nós. Porque a crença de que os maiores tesouros são físicos por vezes leva-nos a adiar de forma constante a nossa felicidade, até não existir nada mais nas nossas vidas do que a obsessão pela conquista dos nossos sonhos.

A busca interior é a mais importante de todas e a maior aventura na qual poderemos embarcar. No entanto, não devemos cair no extremo do isolamento, porque a busca interior é uma forma de crescimento para tirar maior proveito desta vida, não um substituto da própria vida.

Onde deve começar a busca interior?

Raramente por onde nós queremos. Na exploração dessa sabedoria interior devemos adoptar duas atitudes essenciais:
  • A primeira é aprender a escutar;
  • E a segunda, largar a necessidade de controlar a direcção dessa exploração.
A sabedoria interior é sempre superior às nossas expectativas. Isto ocorre porque acreditamos que os nossos pensamentos superficiais nos definem e acabamos por esquecer a imensidão da nossa mente e a nossa frágil compreensão do seu funcionamento.

Por isso, devemos deixar que a nossa mente nos leve aos sítios que temos que ir, não nadar contra a corrente para chegar aos sítios onde achamos que devemos ir.

Um exemplo disso é quando tentamos, em desespero, lembrar algo que esquecemos. E, por muito importante que essa informação seja, raras vezes somos capazes de a recordar. No entanto, quando desaparece essa pressão damos por nós a lembrar todos os detalhes que antes não conseguíamos evocar.

Mas afinal o que é a busca interior?

Não é uma forma de visualização ou de sonho consciente, nem sequer é um tempo para rever de forma repetitiva os nossos pensamentos e as nossas vidas. Numa frase: explorar é meditar e é também a ausência de pensamento.

A meditação, principalmente no mundo ocidental, tem sido vista como algo esotérico e estranho, o refúgio dos fracos e marginalizados. Ainda hoje para a maior parte das pessoas é motivo de chacota e uma grande perda de tempo.

Não quero aqui perder-me na enumeração dos benefícios comprovados da meditação, existem outros que o fazem muito melhor do que eu. O que quero realçar sobre este tema é que a meditação é importante porque nos torna conscientes de que somos superiores aos nossos pensamentos e que somos responsáveis pelas nossas escolhas e pelo rumo das nossas vidas.

A meditação é uma prática que marca pela sua simplicidade. Em palavras de Osho a meditação começa por…
…“estar separado da mente, como uma testemunha. Esta é a única maneira de te separares de qualquer coisa. Se estiveres a olhar para a luz, naturalmente uma coisa é certa: tu não és a luz, és aquele que está a olhar para ela.
Se estiveres a olhar para as flores, uma coisa é certa: tu não és a flor, és o observador. A observação é a chave da meditação. Observa a tua mente.”

Se quiseres experimentar meditar aconselho uma rotina simples (a minha rotina):

  1. Senta-te numa posição confortável, pode ser de pernas cruzadas ou numa cadeira que te permita manter uma postura correcta;
  2. Fecha os olhos e respira consciente e profundamente repetindo mentalmente a palavra “relaxa” até te sentires relaxado;
  3. Quando te sentires fisicamente relaxado inicia a contagem decrescente de 20 até 0. E cada número sente-te relaxar cada vez mais profundamente;
  4. Neste estado os ruídos não devem incomodar-te, tenta esvaziar a tua mente de qualquer pensamento. Isto no inicio é impossível, por isso, de cada vez que surgir um pensamento não o julgues nem tentes justificá-lo ou correr atrás dele, simplesmente respira fundo e aceita-o.
Para começar bastam 10 minutos por dia. E se o fizeres correcta e regularmente cedo sentirás os benefícios: uma mente mais calma e consciente.

E vocês, alguma vez praticaram meditação? Contem-nos a vossa experiência.
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O valor da solidão

... é das coisas que mais me assusta, estar sozinha a ouvir o som da minha própria voz.

Poderia começar hoje mesmo a distribuir inquéritos para perceber o que é a solidão e tenho a certeza que nunca o entenderia completamente. Porque a solidão não é só a ausência dos outros, a solidão é também quando conseguimos estar mais perto de nós e de Deus.

E assim como não existem duas pessoas iguais, não existem dois conceitos de Deus iguais e por isso a solidão torna-se algo muito diferente para cada um de nós. Impossível de definir.

"Todos os seres humanos têm medo da sua própria solidão.
Mas apenas na solidão nos podemos conhecer completamente,
e aprender a lidar com nossa eterna solidão."- Han Suyin 
(créditos da imagem: Leonard John Matthews)

No entanto, acredito que existem claramente dois tipos de solidão. Aquela solidão coberta de mágoa, à qual tentamos escapar enchendo os nossos dias com actividades inúteis que nos impedem de pensar profundamente sobre o sentido das nossas vidas, e o tipo de solidão propositada. E é sobre esta última que desejo falar.

Quando reservamos propositadamente um tempo a sós, longe do mundo, dos outros e de qualquer tecnologia experimentamos sentimentos bem diferentes do comum vazio da solidão acidental. Mas na verdade, ficar sozinho(a) é bem mais difícil do que aquilo que à primeira vista nos parece.


Devemos preferir o isolamento à interacção social?

Só nos últimos anos se tornaram visíveis movimentos que defendem o valor do silêncio e da solidão propositada (pelo menos no mundo ocidental). Mas antes disso a solidão era algo muito negativo reservado apenas a pessoas que desejavam afastar-se da sociedade.

Quando pensamos numa pessoa solitária normalmente pensamos numa pessoa marcada pela tristeza e pela mágoa. Pensamos em alguém que não escolheu viver assim, mas foi uma vítima das circuntâncias da vida. Uma imagem que persiste até aos dias de hoje especialmente devido à sua repetição excesiva nos meios de comunicação e nas obras de ficção como séries, novelas e filmes.

O solitário sempre foi o estranho e marginalizado. Mas penso que chegou o momento de mudar a imagem que temos da solidão. E obviamente, não escrevo sobre a solidão permanente, escrevo sobre uma solidão que devemos aprender a desfrutar na medida certa.


O que significa a solidão...

Acredito que grande maioria das pessoas não é adepta a reservar uns momentos do seu dia para realizar uma espécie de retiro interior. Porque a maioria de nós tem tanto medo do seu interior como dos perigos do mundo cá fora.

Assim, o mais normal é agarrarmo-nos à televisão e à internet quando não temos nenhum programa em especial para o nosso dia. Esses dois meios ofuscam quase completamente a nossa capacidade de pensar profundamente sobre nós e sobre a vida. E constituem a forma mais eficaz de evitarmos a solidão completa e a possibilidade de ouvirmos a nossa própria voz.

Essa voz interior tem caído no esquecimento à medida que prosperam as actividades que ocupam os nossos tempos livres ou as engenhocas que nos impedem de pensar no que quer que seja. Essa voz tem sido conhecida por muitas formas diferentes ao longo da história, para o antigos eram as vozes dos deuses que lhes falavam através de sonhos e perságios, para outros a voz do Universo, em tempos recentes começamos a perceber que essa voz nos pertence, mas ao mesmo tempo parece ter mais sabedoria que nós próprios. Como acontecia com o grilo, a consciência de Pinóquio.

Na minha opinião essa voz que por vezes ouvimos quando menos esperamos é a voz do nosso subconsciente.

A nossa mente é imensa e, por isso, quase nunca somos plenamente conscientes da sabedoria que albergamos dentro de nós. O nosso cérebro funciona por isso como um software intuitivo que faz a ponte entre a nossa consciencia e o abismo profundo que habita dentro de nós.

Existem ainda muitas perguntas por responder acerca da mente e do cérebro, acerca da própria consciencia humana. Mas algo que devemos aceitar é que aquilo que somos transcede a nossa rotina, as nossas preocupações e mesmo os nossos desejos.

Uma verdade que pode ser assustadora para muitas pessoas, já me assustou a mim. É como dividir a nossa casa com um perfeito desconhecido que parece conhecer-nos melhor que nós próprios algum dia seremos capazes de conhecer.

A solidão permite-nos limpar todo o lixo que bloqueia o nosso pensamento (consciente) para podermos encontrar o caminho para essa sabedoria perdida. No próximo artigo escreverei sobre as melhores formas de tirar partido sobre dos momentos em que estamos sós. Até lá espero os vossos comentários.
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Agressividade: um escudo ou uma arma?

A agressividade ou combatividade (como queiram chamar-lhe) é um sentimento intenso, daqueles que devia trazer o aviso de “manusear com cuidado” em enormes letras vermelhas. No entanto, tenho a impressão que muitas pessoas consideram que a agressividade é uma característica unicamente masculina. Uma mentira na minha opinião. Algumas mulheres são capazes de uma violência psicológica tão intensa que que preferia voltar a vestir o meu macacão e levar uns murros nas lutas que tinha com os rapazes na minha infância (quando não existia o preconceito de “eu não bato nas meninas”) do que enfrentar os seus acessos de fúria.

Mas tanto o excesso de agressividade como a ausência dela não são positivas. Suponho que tenha aprendido isso da pior maneira. Na minha adolescência não tinha a mínima tendência para me irritar com os outros. Tentava ser o mais prestável e simpática possível, pensava que só assim poderia fazer amigos de verdade.

Agressividade (fotografia de Chapendra)

Como é óbvio a ausência de agressividade enfraqueceu a minha personalidade. Suponho que muitos possam discordar. Mas a verdade é que o excesso de bondade e a anulação do eu (ao calarmos as nossas opiniões) apenas levam ao sofrimento e isolamento. Embora na altura isso me tenha trazido muitas mágoas, o que ganhei em troca fez com que eu nunca guardasse raiva ao rancor desses anos mais escuros da minha vida (espero escrever um artigo sobre o tema muito em breve).

Por isso, desde essa época da minha vida percebi que um pouco de agressividade é indispensável nesta vida. É uma forma de pôr um travão quando as pessoas passam o limite da decência e começam a explorar o nosso bom coração.


O que é a agressividade?

A agressividade contudo não é uma emoção, é uma consequência de uma emoção. Num livro que li recentemente: “O espírito da Igualdade” de Wilkinson e Pickett (leitura recomendada: podes comprar na Fnac ou na Amazon), percebi que a maioria dos crimes violentos acontecem pelas mãos de pessoas que tentam reaver a sua honra ou dignidade depois de terem sido delas despojados em situações humilhantes.

A agressividade e a honra andam sempre muito próximas. Principalmente nas camadas mais pobres da sociedade, a violência é quase sempre uma forma de protesto, porque na falta de outro tipo de poder somos forçados a usar aquele que nos sobra. E desconfio que uma solução pacífica estaria fora de questão para a maioria das pessoas em casos de extrema humilhação.

O acto de agredir é uma forma de recuperarmos o que é nosso por direito, e uma forma de defendermos a nossa dignidade e honra. Por isso, quando somos insultados ou criticados injustamente tendemos a responder com a mesma intensidade e intenção de magoar. O agredido passa então a agressor e, apesar de um pouco de agressividade ser indispensável para nos protegermos, há que saber quando quebrar o círculo.

No fundo não existe nenhum mau da fita neste cenário. Todos nós, nalguma fase da nossa vida, agredimos alguém verbal ou fisicamente e sofremos o mesmo destino nas mãos de outras pessoas. Na realidade, muitas vezes uma agressão é um acto inconsciente e involuntário. Por vezes, numa conversa dizemos algo que não sentimos apenas para magoar a outra pessoa, e acabamos por nos aperceber do efeito das nossas palavras tarde demais.

Por isso, a todos os filósofos que prosperam ao expor a podridão da sociedade actual tenho pena de dizer que a sociedade actual não está a perder por completo os seus princípios. Na maioria das vezes apenas somos vítimas da nossa própria inconsciência e a agressão é muitas vezes a única forma que conhecemos para recuperar um pouco do nosso poder e honra dentro de uma sociedade cada vez mais conformada com o ritmo das coisas.

Aprender com a agressividade...

O desenvolvimento da inteligência emocional não se trata de mudar a nossa personalidade. Trata-se, pelo contrário, de mudar a forma como nos vemos a nós próprios e a forma como encaramos o nosso mundo. E, na maioria das vezes as mudanças que desejamos para os outros nem sempre são aquelas que essas pessoas necessitam.

Aprender a lidar com emoções difíceis só é possível se te aceitares por completo como és actual. Não fazer isso seria como te rejeitares a ti próprio, e seria a receita certa para uma vida cheia de frustração e insatisfação. Se não te aceitares podes percorrer o mundo inteiro que tudo o que alcançares te parecerá insuficiente.

Portanto, em vez da mentalidade do: “quero saber o que estou a fazer de errado na minha vida” espero que possas, com as minhas palavras mudar para a mentalidade do: “o que é posso fazer com aquilo que possuo para alcançar uma vida melhor”.

Aprender a conduzir e a mergulhar foram talvez as situações que mais testaram os limites da minha paciência e a minha capacidade de permanecer calma em situações de grande tensão. Só quando comecei a conduzir me apercebi da barbaridade dos comportamentos dos portugueses nas estradas. Insultar o condutor do lado é possivelmente o acto mais comum dentro dum veículo no meio do trânsito, especialmente se o condutor for jovem ou do sexo feminino. Suponho que as jovens mulheres são capazes de confirmar por si mesmas este facto.

Na realidade, a pressão nas estradas portuguesas é tão grande que os jovens condutores depressa tendem a adoptar os comportamentos insanos dos condutores mais experientes, e, em breve estarão a buzinar e a vaiar o condutor que se esforça por conduzir com cuidado na selva urbana. Porque a pressão social se torna demasiado forte em muitas áreas da nossa vida, tendemos a imitar os comportamentos dominantes na sociedade onde estamos inseridos.

Não existe nenhuma receita mágica para controlar a agressividade, nem a nossa nem a das pessoas com quem interagimos. Mas percebi que encontrar as razões por detrás dos nossos comportamentos agressivos é um excelente sítio para começar.

Nem sempre as nossas razões para reagirmos com agressividade são óbvias, principalmente para nós próprios. Suponho que por vezes as verdadeiras razões nos assustam demasiado. Mas é preciso forçar. Só quando nos sentamos e nos tornamos disponíveis para ouvir os nossos medos é que podemos perceber por completo a origem das nossas atitudes.

Não é em um só dia que ficaremos a perceber tudo, mas a verdade é que a explicação mais simples costuma ser a mais verdadeira. Os sentimentos que mais comummente desencadeiam reacções agressivas são:

  • Insegurança
Tendemos a reagir de forma agressiva quando alguém põe em causa as nossas capacidades. Especialmente quando nós próprios temos pouca auto-confiança. Pessoas muito agressivas costumam ser pessoas muito inseguras, por isso a agressão é uma forma de exprimirem o desejo de serem reconhecidas.

  • Injustiça
Quando sentimos que não recebemos ou que nos retiram algo que é nosso por direito, muitas vezes a única forma que temos de recuperá-lo é sendo agressivos.

  • Impotência
Quando deixamos de ter qualquer controle sobre as nossas vidas a violência torna-se numa forma de reivindicar aquilo que é nosso por direito.


  • Humilhação
Suponho que já todos nós passamos por situações humilhantes. Ser o alvo de gozo e críticas é uma forma de agressão capaz de quebrar a personalidade de muitas pessoas. O mais normal é que depois de repetitvas situações humilhantes as pessoas acumulem raiva e angústia que, mais tarde ou mais cedo, acabam por se manifestar em comportamentos agressivos.

Portanto, a agressividade não só é um escudo das nossas emoções, como é uma arma muito poderosa. Mas para tirarmos o máximo partido daquilo que agressividade pode fazer por nós é necessário que percebamos por completo as nossas motivações.

Essa compreensão não só nos permite usar essa força de forma mais moderada e eficaz para conseguirmos aquilo que queremos da vida, como nos ajuda a lidar melhor com a agressividade dos outros.

Aguardo os vossos comentários.
Até breve
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Percebendo a inteligência emocional

O conceito de inteligência emocional é tudo menos recente, mas parece-me que a maioria das pessoas continua a ignorar o seu significado e importância nos dias de hoje. Durante todo o meu percurso académico os professores apenas se concentraram e preocuparam com o desenvolvimento da inteligência cognitiva, tudo o resto tornou-se irrelevante. O que me leva a pensar que o nosso conceito de inteligência está longe de ser completo.

Inteligência é mais como uma lente que molda a forma como vemos o mundo do que uma capacidade inata. É algo que vamos construído ao longo da nossa vida.

O problema de ver o mundo através de um só tipo de lente é que acabamos por ignorar todas as outras possibilidades. O uso excessivo do petróleo é um exemplo das desvantagens de ver o mundo apenas desde uma perspectiva. A verdade é que o ouro negro tornou-se um símbolo de sucesso e de evolução tecnológica. Mas agora, numa época em que o seu uso trouxe consequências desastrosas para o futuro do planeta, não posso parar de pensar que, talvez, o facto de termos focado o nosso olhar apenas no petróleo e nas suas possibilidades, nos impediu de olhar para tudo o resto.


Whale oil tanks in South Georgia (fotografia por Ville Miettinen)

É como se tivéssemos passado décadas e ver o mundo através de um vidro negro e, de repente, com a explosão das energias renováveis percebêssemos que, afinal, o mundo está repleto de muitas outras cores e possibilidades. Talvez se passe o mesmo em relação à inteligência, talvez em poucos anos possamos reconhecer que existe inteligência em todos os seres humanos, e que esta capacidade é versátil e variada; não uma forma estática de ver o mundo que pode ser medida através de obsoletos questionários (que para mim não passam de uma farsa).

No entanto, para já a inteligência emocional, como tantas outros tipos de inteligência descobertos ou ainda por descobrir, continua a ser motivo de chacota em muitas áreas do conhecimento humano. Mas a verdade que muitos se esforçam por ignorar é que nenhum de nós está imune ao poder das nossas emoções. Como lidamos com elas é outro tema.

É a capacidade de reconhecer, aproveitar e controlar o poder das emoções que permite o desenvolvimento da inteligência emocional. E antes de percebermos a sua importância para alcançar uma vida completa e equilibrada, há que perceber quais os mecanismos que mais utilizamos para lidar com as esses sentimentos. Por isso dividi os mecanismos mais importantes em três categorias:

  • Repressão
Um mecanismo de defesa do ego, bem descrito por Sigmund Freud, que tem o poder de apagar ou afastar do nosso consciente acções ou emoções dolorosas ou inconvenientes. Embora esquecer possa parecer a opção ideal em certos casos, a verdade é que não podemos realmente apagar uma emoção. Suponho que tenha aprendido essa lição à custa dalgumas quedas.

Um sentimento não perde a força pelo simples facto de o afastarmos. A nossa mente é de uma dimensão assombrosa, costumo pensar na minha como um gigantesco armazém imerso na escuridão. Já a nossa consciência é semelhante a uma pequena lâmpada que ilumina pouco mais do que alguns centímetros à sua volta. Lá porque algo não está ao alcance dessa luz não significa que não exista e tampouco deixa de ser importante. Seria o mesmo que afirmar que o mundo se acaba quando imerso na escuridão.

Luz no escuro (fotografia por Luis Magina)


Quando menos esperamos esses sentimentos que tentamos esquecer voltarão em força para nos derrubar.

  • Subordinação
Todos conhecemos a sensação de ter as emoções à flor da pele, há momentos que, pela sua intensidade são capazes de destruir em segundos as barreiras que construímos para nos defender. Por muito forte que seja essa barreira entre o nosso verdadeiro ser e o mundo lá fora, há momentos em que a sua força falha e aquilo que nos esforçamos por esconder vai encontrar o seu caminho para o exterior.

No fundo, nessas alturas tornamo-nos os subordinados e as nossas emoções os mestres. Não é invulgar sentirmo-nos traídos pelo nosso próprio corpo, sentir que passamos a ocupar um lugar nos bastidores em vez de nos levantarmos gloriosos para mais um acto no imenso palco da nossa vida. Por isso nos sentimos vulneráveis, frágeis, expostos. Por vezes, como um recém-nascido enfrentando uma tempestade.

  • Compreensão
Ao contrário das duas categorias anteriores, o processo de compreensão das emoções é um processo consciente. Compreender é quase uma forma de experimentar as emoções, de vivê-las e de aprender com elas, em vez de deixarmos que as emoções nos experimentem a nós. Trata-se de encontrar o equilíbrio entre a repressão e subordinação. Não devemos deixar que as emoções controlem todas as nossas acções senão tornar-nos-emos meros fantoches, tampouco devemos ignorar por completo essas emoções, porque elas não desaparecem só por serem mantidas no escuro.

Para compreendermos os nossos sentimentos por vezes é necessário criar uma certa distância entre nós e o acontecimento ou pessoa que o desencadeou. Não só uma distância física mas também emocional. É preciso registar as nossas primeiras impressões sobre aquilo que estamos a sentir (por exemplo, em papel) e deixar passar um tempo até que as possamos analisar com objectividade.

Suponho que nada disto seja novo para qualquer um de vós. No entanto, pergunto-me quantos de nós fazemos isso realmente. Por vezes ficamos irritados sem razão aparente e deixámo-nos levar pela força do momento, apenas para sentir uma pontada de remorso quando o momento passar. É tão mais fácil deixar passar uma tempestade do que rastejar até à sua origem para perceber o que a provocou.

Incrivelmente passamos grande parte do nosso tempo a mentir a nós próprios, porque às vezes a verdade é mais dura e a mentira mais doce. Mas depois de uns tempos a contar mentiras a nós próprios provavelmente sentiremos que estamos a construir a nossa personalidade e a nossa vida sem bases verdadeiras, e uma vida assim não pode prosperar.

Para ilustrar aquilo que estou a tentar explicar prefiro contar uma pequena história:

Jorge era um adolescente como outro qualquer, pelo menos há primeira vista. Enquanto se passeava pelos corredores da escola, as sapatilhas gastas e as mãos vazias, qualquer pessoa olharia para ele e veria nada mais do que um adolescente rebelde e despreocupado.

Mas o observador mais atento perceberia a dureza dos seus olhos e a forma como o canto da sua boca se retorcia de malícia enquanto contemplava os seus companheiros. Se passássemos mais algumas horas com ele iríamos perceber que este jovem mais parecia um íman irresistível de problemas.Qualquer situação de maior tensão era suficiente para irritá-lo.

Depois de meses a observá-lo sentiríamos que Jorge estava sempre tão zangado que em todos os passos que dava apenas parecia querer mostrar a sua revolta contra o mundo. Apesar das suas atitudes, os seus colegas e professores nunca conseguiram perceber as razões por detrás de tanta agressividade, e, sejamos sinceros, duvido que tenham sequer tentado.

Um dia ao voltar para casa das aulas Jorge parou à porta de uma pequena mercearia. Comprou aquilo que parecia ser o jantar e ao trocar umas palavras com o idoso que ocupava o outro lado do balcão um sorriso genuíno formou-se no seu rosto. O senhor Gustavo conhecia Jorge desde pequeno e era das poucas pessoas que, independentemente do mau feitio do rapaz, era capaz de o fazer sorrir.

Jorge seguiu o seu caminho, o sorriso a desvanecer-se lentamente enquanto se aproximava de um edifício de aspecto decrépito e bolorento. Tirou a chave do bolso e entrou pela porta que parecia prestes a desfazer-se ao mínimo toque. Os vizinhos do 2ºB estavam a discutir novamente, com os filhos a chorar em plenos pulmões, todo o prédio estava mergulhado numa melodia capaz de enlouquecer o mais são dos homens.

O nosso jovem subiu as escadas como tinha feito tantas vezes ao longo dos últimos anos, alheio aos ruídos que lhe furavam os ouvidos. Ao chegar ao terceiro andar parou em frente ao 3ºB indeciso ou talvez assustado. Jorge fechou os olhos e lançou um prolongado suspiro. Mergulhou a chave na fechadura e entrou.

A sala estava mergulhada na escuridão e o odor a álcool e a vómito eram sufocantes. Dirigiu-se apressado à cozinha, pousou as compras cuidadosamente. Encheu um copo com água, o único copo bom que restava naquela casa, e dirigiu-se de novo para a sala. Agora os seus lábios não se torciam num sorriso sarcástico como tantas vezes acontecia quando o víamos passear pelos corredores da escola. Agora os seus olhos brilhavam de medo, já não parecia o mesmo rapaz que tinha entrado no edíficio à escassos minutos, parecia apenas uma criança frágil e assustada.

Foi ao encontro do vulto que estava deitado no sofá da sala. Lenta e carinhosamente retirou-lhe a garrafa de whisky das mãos e juntou-a àquelas que se acumulavam em cima da mesa. Pegou no rosto da sua mãe e sussurou: “Bebe um pouco de água mãe, vais-te sentir melhor”. A única resposta foi um grunido.

Jorge dirigiu-se para a cozinha de novo. O jantar cozia no microondas enquanto mudava para a roupa de trabalho. Sentou-se à mesa e, debaixo daquela fraca luz amarela eu podia jurar que chorava.

A história de Jorge é pura ficção, embora suspeite que seja a realidade de alguns jovens neste mundo. O que quero mostrar com esta história é a força dos sentimentos, mesmo quando nos esforçamos para os esconder. Ainda que Jorge reprimisse a sua angústia por ter uma mãe alcoólica e um pai ausente, essa angústia tornou-se uma raiva poderosa com a qual se escudava do mundo, atacando todos indiscriminadamente, menos a fonte da sua tristeza.

Por vezes agimos de uma forma, pensando que estamos a ser completamente sinceros connosco próprios, e, na verdade, apenas estamos a evitar olhar para a raiz das nossas angústias e preocupações.

Estou ansiosa pelos vossos comentários.
Até breve
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Redefinições na revolução da mente

Depois de quase dois meses sem actualizar este blogue não posso expressar as saudades que senti. Suponho que quando encontramos algo que gostamos tanto não nos conseguimos afastar por muito tempo.

Esta longa pausa não foi uma pausa programada, por isso devo um pedido de desculpas a todos os meus leitores. Mas foi uma pausa necessária por várias razões: tive de concentrar-me na investigação e escrita da minha tese e não estava a ficar satisfeita com a evolução da minha escrita e dos meus temas no blogue. Talvez tenha sido impressão minha, mas senti que me estava a afastar da minha verdadeira voz em vez de me aproximar dela. Ou se calhar sempre escrevi assim e só agora me apercebi do quão incompletas e vazias parecem as minhas palavras.

Apesar de tudo senti imensa falta de escrever aqui, tornou-se num bom hábito que apenas desejo manter. Não sei o que vai acontecer nos próximos meses, não sei se a minha carreira e estudos me vão obrigar a estar ausente de tempos a tempos, mas sei que desejo manter este blogue independentemente dos lucros e do número de leitores que consiga alcançar. Sei que quando escrevo sou feliz, por muito lamechas que isso pareça, e esse é o único objectivo que pretendo cumprir de momento.

Talvez me falte a experiência de vida e a credibilidade de uma autora consagrada para ter o direito de escrever sobre os temas que escrevo. No entanto, neste tempo que estive ausente e atormentada com esse pensamento percebi que isso nunca me poderia impedir de escrever.

Eastern Screech Owl por Michael Hodge


No principio deste blogue quanto mais pesquisava e lia sobre desenvolvimento pessoal mais um pensamento ganhava forma na minha mente: “que mais posso eu acrescentar que já não tinha sido dito ou escrito pelas centenas de autores e oradores do desenvolvimento pessoal?”. Nas minhas deambulações pela internet comecei a sentir que não havia espaço para mim. Aos poucos isso foi devorando a minha motivação sem que me apercebesse - imagino que isso aconteça à grande maioria dos que empreendem numa tarefa que exiga inovação e criatividade.

Por incrível que pareça, depois de ter visto tanto do meu lado escuro durante a minha conturbada adolescência senti que as dúvidas quanto às minhas capacidades não eram importantes. Por isso decidi regressar, desta vez nos meus próprios termos: sem a pressão da publicação semanal ou de um criar um blog especializado e monotemático. Não pretendo competir com ninguém por um espaço ao sol.

No entanto isto não significa que passe a publicar uma só vez por mês, pelo contrário, percebi que se o blogue não for um compromisso poderei dar muito mais de mim. Suponho que, no meu caso, a criatividade e o stress não sejam uma combinação vencedora.


A saga da ginástica emocional...

Nos últimos tempos, ao recordar os dias escuros da minha adolescência não pude deixar de me sentir grata por ter experimentado tanto do meu lado negro e aprendido tanto com ele. Foi nos momentos de angústia e crises existenciais que comecei a escrever e desde aí nunca mais parei (acho que nunca o tinha dito a ninguém!).

Nos meus 13 - 14 anos, bastante estranhos e atormentados, a minha escrita ganhou contornos líricos e profundamente dramáticos. Claro que nesse momento estava longe de o perceber, mas agora entendo que foram os sentimentos e as emoções intensas que tentava passar para o papel que deram vida própria às minhas divagações.

Nessa idade deixava-me governar pelas emoções ao ponto de sentir que a vida era apenas uma sucessão de tragédias às quais apenas podia sobreviver. Há algo de terrivelmente belo no sofrimento humano: revela o que há de verdadeiro em nós. Talvez por isso tenha ficado tão terrivelmente curiosa sobre a influência das emoções na nossa vida.

Uma vez li que as ciências sociais não são mais do que a descrição da sociedade de acordo com a visão e valores do investigador. O que significa que todos temos um pouco de investigador social em nós, porque cada um de nós interpreta o mundo de formas diferentes. Na realidade, parece-me que existem tantas interpretações como pessoas neste mundo, porque teria a minha mais valor do que a dos meus vizinhos?

Foi por isso que decidi escrever nos próximos dias aquilo a que chamo: a saga da ginástica emocional. Ignoro se o termo já terá sido usado por algum guru do desenvolvimento pessoal, com a abundância de blogs no tema imagino que sim. No entanto, o meu objectivo, mais do que expressar a minha opinião é mesmo saber a vossa. Tenho imensa curiosidade em saber quais serão as vossas reacções sobre um tema que anda nos lábios do mundo.

Nos próximos tempos tenho planeado escrever sobre três tipo específicos de emoções ou sentimentos, que para mim, resumem as causas dos meus problemas e esclarecem a origem dos meus receios:


  1. Agressividade
  2. Culpa
  3. Depressão

Podem deixar mais sugestões nos comentários e espero sinceramente que me possam acompanhar nos debates dos próximos dias.
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