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A ilusão da falta de tempo

Algumas pessoas decidem viver a vida a contra-relógio. Tomam em mãos a difícil tarefa de dominar o seu tempo. Escusado será dizer que a maioria falha miseravelmente.

Isto porque ignoram uma verdade básica: não podemos possuir o tempo, por isso, ele nunca nos pode faltar.
créditos: anna gutermuth

A falta de tempo é, muitas vezes, uma ilusão que nos esforçamos por manter. Para não termos que lidar com o medo de estar a desleixar uma parte importante da nossa vida.

E é esse medo que nos mantém dentro da nossa zona de conforto. Uma concha dura que nos isola de tudo, incluindo, de nós próprios.

Passamos o nosso dia a lidar com altos níveis de “stress”, e quando, finalmente temos um tempo para nós, desperdiçamos esse tempo em frente à televisão. Dizendo a nós próprios que merecemos descansar depois de um dia complicado.

Mas a verdade é que a vida se torna um pouco mais vazia em dias assim. Pensamos que a televisão nos vai trazer de volta o equilíbrio depois de sobreviver a mais um dia no mundo da super produtividade. Mas a televisão faz pouco mais do que proporcionar uma zona neutra na qual não temos que pensar, lutar ou criar.

A televisão é o vácuo, o intervalo que podemos fazer entre o lado stressante e o lado positivo da nossa vida. E, por isso, por muito agradável que seja usar a televisão como escape, é preciso reconhecer que esse vácuo não pode substituir o positivo.



A síndrome da falta de tempo, que muitas vezes enfrentamos, exige um pouco de jogo de cintura. Exige olhar para a nossa rotina e decidir que actividades nos trarão mais felicidade a longo prazo. Com essa atitude poderemos reconhecer que a televisão representa a satisfação imediata que, por não exigir qualquer esforço da nossa parte, se torna numa satisfação fugaz.

O contrário de uma satisfação fugaz passa por perceber aquilo que queremos verdadeiramente. E comprometermo-nos a trabalhar nesse sonho quando o resto do “mundo” descansa.

E isso pode ser doloroso ao início, mas é, sem sombra de dúvida, algo que nos trará confiança e felicidade duradouras a longo prazo.



Às vezes os nossos dias e problemas no trabalho parecem infinitos. Às vezes trabalhamos mais do que todos os outros, pensamos mais, estudamos mais, dedicamos mais de nós. E chegamos ao fim do dia vazios, como coragem e forças apenas para comer metade de uma refeição decente e encostarmos a cabeça na almofada.

E às vezes, trabalhar menos horas, ou dedicarmo-nos menos nem sempre é solução para a nossa falta de tempo. Porque, como estamos tão cegos na nossa frustração nem percebemos o tempo que gastamos em actividades inúteis. Não percebemos que 15minutos por dia de dedicação a uma actividade que nos deixa realmente orgulhosos de nós próprios é suficiente para equilibrar a nossa vida e resolver as nossas ansiedades.

Ou pelo menos, é isso que tenho vindo a aprender!
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A liberdade de opinião e a intolerância

Criar a nossa própria definição de sucesso e felicidade é libertador.

De um momento para outro percebemos que não precisamos de um grande carro para sermos felizes. Que não precisamos de usar roupa de marca e jóias brilhantes para nos sentirmos bem connosco próprios.

Mas, criar a nossa própria definição de felicidade é simples, basta que arranjemos um tempo na nossa agenda para deixar a nossa mente voar. O complicado vem depois.

Un abrazo | José Valiente


Porque, no final do dia, somos todos humanos. E como seres humanos precisamos de outras pessoas para tornar a nossa vida mais real.

Quando criamos as nossas próprias regras damos oportunidade a nós próprios de perseguir os nossos sonhos, e não os sonhos dos outros. Contudo também abrimos as portas a confrontos e a intolerâncias quando tentamos impor a nossa ideia de felicidade àqueles que nos são mais próximos.

Criar as nossas próprias regras não nos livra de um mal fundamental: o julgamento.

Porque, a partir desse momento passamos a ver o mundo de forma diferente e, por isso, esquecemos que a nossa visão de felicidade não é melhor nem pior do que a visão dos outros, é apenas diferente.

E como tal, não precisamos de livrar os outros dos seus próprios ideais. Porque cada pessoa tem direito a criar as suas próprias regras.


Mas então, porque é que continuamos a assistir a discussões acesas entre pessoas com opiniões diferentes?




É tudo uma questão de identidade.

Construímos a nossa identidade na relação com os outros. Procuramos, nos outros, formas de validar a nossa visão do mundo. E para fortalecer esses ideais chegamos a rejeitar outras formas de pensamento.

E isso é uma forma de intolerância. Uma intolerância que passa despercebida, porque se tornou num comportamento vulgar nos dias que correm.

Essa intolerância nasce da falta de confiança que temos nas nossas opiniões e, fundamentalmente, na falta de confiança que temos na nossa própria identidade.

A falta de confiança nas nossas opiniões leva a que, quando alguém choca com a nossa noção da realidade, nos sintamos rejeitados. E a rejeição diminuiu ainda mais a nossa capacidade de confiar nos nossos ideais.

Com isso a nossa sociedade tem-se tornado cada vez mais intolerante a diferentes visões do mundo. E quando ouvimos, não escutamos realmente. Apenas procuramos uma oportunidade para impor os nossos ideais sem considerar realmente que podem haver outras interpretações do mundo e da realidade.

Damos muitas vezes conselhos sem que as pessoas nos peçam. Erradamente, tentamos melhorar a vida dos outros dizendo-lhes que estão errados. E sempre que alguém desabafa as suas desventuras connosco desvalorizamos o seu sofrimento para impor o nosso.


E quantas vezes não começamos os nossos “conselhos” com o inevitável: “se eu fosse a ti…”?


Mas nós não somos os outros! Nós somos nós. E não é por calçarmos os sapatos de outras pessoas durante 5minutos que vamos ser capazes de resolver-lhes a vida. E é isso que torna a convivência com outras pessoas tão mágica.

Quando se trata de filosofias de vida não existe apenas o certo e o errado. Existe o diferente. E lá porque não partilhamos da opinião das outras pessoas não significa que não as possamos aceitar.

O nosso mundo não irá ruir se nos dispusermos a ouvir aquilo que os outros têm para dizer. Porque a filosofia de vida de cada um é algo que deve estar em constante evolução, acumulando a experiência própria e as experiências de outros.

Não podemos desvalorizar o conhecimento e opinião alheias só porque elas entram em confronto com as nossas. Porque quando não fazemos o esforço de aceitar opiniões diferentes estamos a desprezar a diversidade desta vida.

Estamos a desprezar de que existe um mundo inteiro, imenso, complexo e rico para além das nossas opiniões.

Negarmo-nos a escutar o diferente é o mesmo que deixar de evoluir. E deixar de evoluir impede-nos de desfrutar da vida pleno…
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