Relações

Há dias em que um inegavelmente lindo pôr do sol, consegue trazer-me a paz e a serenidade que necessito. Não posso negar que tenho uma faceta contemplativa e que, apesar de nunca (até hoje) ter sido capaz de perceber o seu propósito, acredito ser uma daquelas características que nasceu comigo... cujo carácter primário e completamente instintivo sempre me fascinou.

Num destes dias, numa viagem de carro, numa pausa da TV ou enquanto respirava apenas por uns minutos o ar puro, percebi que, o que tenho visto nos outros e mesmo no mundo não passa de um parco reflexo daquilo que sou.
Já muitas vezes me tinha deparado com esta afirmação, em fugazes olhares lançados a livros e prateleiras, revistas e anúncios... mas nunca a verdade me atingiu daquela forma, tão delicada e insensível.
Apesar de saber que é pouco possível que o consiga evitar, agora sei que, ao longo dos tempos fui preparando uma indistinta armadilha para mim mesma, com a mesma dedicação com que um amante prepara uma romântica noite com a sua amada. Armadilha difícil de quebrar sem entrar em conflito com as nossas próprias crenças. Armadilha essa que oculta aquilo que preferimos não ver. Que as relações que estabelecemos, nos definem muito mais do que desejávamos, a forma como somos tratados (com leviandade, complacência, arrogância...) é o nosso mais fiel auto-retrato. E certas palavras que ouvimos, ou comportamentos dos outros perante nós, trazem como que uma confirmação do reflexo que escondemos de nós. Não acredito que correspondam ao nosso verdadeiro eu, apenas são reflexo de como nos tratamos a nós mesmos.


Este domingo fui exercer o meu direito de voto... com a vaga esperança de que, finalmente estávamos próximos de uma mudança. Contudo, a vitória do PS não surpreendeu, com a fraca oposição do PSD e sem que qualquer movimento político, até à data, tenha conseguido ganhar influência suficiente, para se sobrepor aos actuais gigantes da política. O resultado apesar de esperado não deixou de me desiludir, tantas conversas e cartas lançadas, tanto desejos inflamados de mudança pareceram cair em temporário esquecimento, ou se calhar, apesar de tudo, o PS continua a representar o interesse das maiorias neste país.
Com a minha definitiva mudança para Madrid marcada para 10 de Outubro vejo-me impossibilitada de participar nas próximas eleições, no entanto, acredito que os resultados não se vão alterar em relação a anos anteriores.
O meu conhecimento sobre política e o seu funcionamento estão longe do desejado, mas sempre me senti fascinada pelas suas percepções. E, apesar de continuar a achar que a maioria dos detentores da tão afamada capacidade de "fazer política" são uns vagos idiotas engravatados, continuam a ser detentores de um poder capaz de mudar o curso das nossas vidas. Grande responsabilidade para tão levianos seres...
Perdoem-me se cometi alguns erros políticos, é apenas a opinião de uma jovem que só agora começa a perceber o verdadeiro alcance das sociedades humanas.
Até lá...

Música do dia:
"You found me", The Fray

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