Como apagar incêndios nas nossas vidas

Desde que começou a “época dos incêndios” foram muitos os homens que se viram obrigados a testar as suas forças contra a insaciável força das chamas, na esperança de preservar um pouco da riqueza natural deste país e de impedir que o fogo ponha em perigo vidas e construções humanas.

Este verão foram raros os dias em que o céu não esteve escurecido pelas cinzas e não houvesse um intenso cheiro a madeira queimada no ar. Ainda não vi as chamas de perto este ano, mas a televisão não nos deixa esquecer a loucura e a tragédia que se vivem nas florestas de Portugal.

Incêndio em Alcobaça (fotografia de Paulo Cunha)

As chamas avançam incansáveis contra a frágil tentativa humana para as controlar e os meios de comunicação banqueteiam-se com as audiências que aumentam pelo aterrador espectáculo de luzes. O combate às chamas ganha um estatuto de uma celebridade e a importância de um primeiro ministro, mas só nesta altura do ano e quando o número de incêndios começa a ser um pouco difícil de ignorar...

“Desde a meia-noite de ontem até às 13h de hoje foram registados 150 incêndios, sendo os do Parque Nacional da Peneda-Gerês a situação mais preocupante.” reportava o jornal Expresso na edição de hoje.

A situação tornou-se insustentável ao ponto do assunto ocupar todas as capas e contra-capas dos jornais e ser a saudação do jornal da noite. Mas ser consciente dos incêndios que assolam o país é suficiente?

Em 2005 o nosso país parecia o inferno em chamas e 5 anos depois a situação parece não ter mudado muito. E em todo este tempo foram raras as ocasiões em que ouvi a resposta a uma simples e importante pergunta: o que causou tudo isto?

Os fogos florestais têm, na sua maioria, origem no comportamento e (atrevo-me a dizer) ignorância humanos. As consequência desses comportamentos estão bem visíveis para todos, mas as causa são muitas vezes esquecidas, talvez porque não tenham a espectacularidade das labaredas.

O espectáculo de fogo é real e assustador, mas a verdade que poucos se atrevem a pronunciar é que, neste momento é pouco o que podemos fazer para alterar a situação, resta-nos continuar a lutar na esperança de travar rapidamente aquilo que já deixou atrás de si um rasto de destruição.

Incêndios, crise, terrorismo, desemprego, desastres naturais não digo que não sejam acontecimentos dramáticos que devem ser ignorados. Apenas acredito que passamos a maior parte do nosso tempo a olhar para direcção errada.

Vivemos tanto tempo obcecados com os resultados das nossas acções que quando algo corre mal ficamos desfeitos. E por isso deixamos fugir a excelente oportunidade de aprender com os nossos erros. E essa aprendizagem começa quando nos desligamos da destruição que causamos e começarmos a olhar para aquilo que é verdadeiramente importante: a origem.

Fotografia de Zara J

A origem dos nossos problemas contém, na maior parte das vezes, a sua solução (encontrar o êxito no fracasso). Para apagar de vez os incêndios temos que os impedir de acontecer. Pouca diferença fará treinar mais bombeiros ou comprar mais carros para o combate de incêndios, se não prestarmos atenção às suas causas. E uma vez que as tenhamos identificado é altura de nos perguntarmos:

O que posso eu fazer para melhorar a situação?

A resposta normalmente é muito mais simples do que aquilo que pensamos à partida. No caso dos incêndios a resolução para o problema devia estar concentrada em educar os agricultores para que não façam queimadas no verão ou dando "voz" política aos bombeiros que se sentem frustrados com o pouco valor que damos ao seu esforço e o pouco reconhecimento da profissão.

Na nossa vida os problemas podem parecer mais complexos porque normalmente estamos no "olho" do furacão. Mas se formos capazes de nos afastar um pouco desses problemas seria mais fácil perceber que a resposta paira diante dos nossos olhos.

Mesmo tendo uma grande paixão pela escrita não significa que tudo seja suave no meu caminho. Enquanto tento desenvolver essa habilidade passo por muitos momentos de frustração, falta de inspiração e falta de fé nas minhas capacidades. Isso fez-me questionar até que ponto sou adequada para este trabalho.

A conclusão é surpreendentemente simples: eu gosto de escrever e isso é suficiente para saber que tenho futuro. Quanto à minha dificuldade com a inspiração a resposta à ainda mais simples: tenho que praticar mais.

"O génio consiste em 1% de inspiração e 99% de transpiração"

6 comentários:

Unknown | 19 de agosto de 2010 às 18:25

Olá!
Vim agradecer pela visita no meu blog!

Temos que fazer nossa parte, não é mesmo? (em relação à divulgação das matérias na mídia).

Orbigada por participar e volte sempre.

Tb gostei bastante do seu log!

Abraço

Mariza :-)

Ana Reis | 19 de agosto de 2010 às 19:19

Obrigada pela sua visita e comentário Mariza.
Concordo que a mudança nos meios de comunicação tem que partir de nós próprios, porque é difícil mudar um comportamento com tantos anos de tradição.
Um abraço,
Ana

Pedro Lopes | 21 de agosto de 2010 às 18:54

Olá Ana,

Nunca deixes de escrever, a tua escrita é bastante agradável e está-me a surpreender pela positiva.

As frustrações e falta de inspiração estão sempre lá, tenta ignora-las, força nisso.

Abraço. :)

Ana Reis | 21 de agosto de 2010 às 19:08

Olá Pedro,
Obrigada pelo comentário e pela força :)
É mesmo verdade, as frustrações estão sempre lá, mesmo quando estamos a fazer algo que gostamos muito. Mas estou a aprender que isso faz tudo parte do processo.
Muitas vezes pus a escrita de lado na minha vida, mas depois de tanto tempo continuo a gostar muito de escrever. O que me leva a pensar que, mesmo que pare por uns tempos nunca vou deixar de regressar! (mas não planeio mesmo parar para já)
Um abraço,
Ana

Yolanda Hollaender | 22 de agosto de 2010 às 01:20

Ótimo texto para reflexão, Ana!
Aqui no Brasil também sofremos com as queimadas pelos agricultores, que não respeitam a Mãe Natureza. Quantas espécies de animais são mortas? A desertificação galopando a cada dia...
Talvez pelo fascínio que o fogo nos causa, deixamos de apagar e prevenir incêndios, mas o fogo leva o melhor de nós...
Meu carinhoso e saudoso abraço,
Yolanda

Ana Reis | 22 de agosto de 2010 às 01:33

Yolanda, obrigada pelo seu comentário. É de verdade um pouco triste ver a natureza a desaparecer por causa dos fogos.
Muitas pessoas esperam até provar algo à sociedade quando ateiam os fogos, mas o fogo é uma força incontrolável, espero que esta tragédia acabe em breve.
Um abraço,
Ana

Enviar um comentário

Leia os artigos antes de comentar.

E se quiser seguir a discussão basta clicar em "Subscrever por e-mail" para receber todas as novas mensagens deste artigo no e-mail.

Related Posts with Thumbnails