A ciência na sociedade

Sinto-me um pouco limitada quando escrevo neste blog sempre que penso nas expectativas dos meus supostos leitores. E quanto a isso só há duas coisas a fazer: ignorar essas expectativas e escrever aquilo que me apetece ou tentar levar este blog mais a sério e especializar-me na divulgação da ciência (área para a qual me tento formar).
Mas mudar algo implica sempre perdas: perder leitores, perder um objectivo, perder ânimo para me lançar em terrenos desconhecidos. E apesar de todas as perdas implicarem ganhos, esses só serão visíveis muito mais à frente no nosso caminho. Contudo, qualquer que seja a minha decisão sei que sempre serei uma criatura de humores, portanto, enquanto me achar livre na concepção e desenho desta página sei que as minhas palavras e os meus temas serão como sempre foram: imprevisíveis...

Cheguei à pouco mais de um dia a Portugal, e depois de um período em que estranhei tanto o meu país, as suas gentes e mesmo a minha casa, consegui finalmente acalmar e resgatar um pouco do conforto e da segurança que sempre aqui senti. Por isso, não posso negar que, neste momento, não cabe na minha cabeça a ideia de voltar definitivamente a Portugal, aliás, reparei que nos últimos tempos, pensar que um dia teria que deixar Madrid é algo que me deixa bastante desconfortável... Mesmo assim, sinto-me bastante optimista com esse desconforto. Porque isso para mim significa que nunca deixarei de lutar pelos meus sonhos e por uma vida melhor, por muito ridículos e dificeis que me pareçam as minhas aspirações.

Apesar de Jornalismo, como tantas outras, ser uma profissão em declínio não deixo de notar que o tempo e papel dedicados à divulgação da ciência nos meios de comunicação são tão anedóticos que deviam envergonhar a nossa sociedade. E não é na divulgação dos avanços da ciência que nos devíamos envergonhar mais, é no facto de a sociedade permanecer analfabeta em assuntos de ciência: como funciona esta comunidade, quais os seus problemas, quais os seus objectivos.
Porque se alguma coisa aprendi é que a ciência de elites, que se dissolveu com a industrialização, continua bem viva nos imaginários do comum cidadão, nos raros momentos em que a sua mente vagueia por esse campo... Incluir a ciência na cultura é um sonho de muitos cientistas, contudo, não posso deixar de me sentir exasperada quando me encontro com a contradição dos seus comportamentos: incredulidade perante a "analfabetização" da população em assuntos de ciência e desespero quando vêem a sociedade intrometer-se nos seus frágeis sistemas de equilíbrio.
Uma ciência que se isola da sociedade é uma ciência que perde e que não pode crescer... O futuro é negro se escolhermos manter a ciência à margem da sociedade, se escolhermos deixá-la no pedestal onde se instalou ignorando o mundo cá em baixo.

1 comentários:

original_fleadog | 21 de dezembro de 2009 às 04:15

Aqui fica algo para te dar alguma esperança - aqui e ali ainda encontramos algumas oportunidades de ver a ciência dar as mãos à cultura e chegar mais perto das pessoas.

http://www.facebook.com/event.php?eid=371664020330&index=1

Aproveita para dar lá um salto enquanto estás por aqui.
Bjokas***

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