Luta de vontades


Estou de volta com notícias frescas e de volta às t-shirts, parece que o tempo não quer mudar. Para já posso contar com mais dias solarengos, apesar de, segundo me disseram este tempo não é nada normal para esta altura do ano. O frio virá quando tiver que vir e até lá não me vou queixar.

Com viagem marcada para Portugal para dia 13 de Novembro começo a sentir-me um pouco nostalgica (a imagem ao lado é do aeroporto de Barajas - Madrid). O meu optimismo não mudou nem um pouco, aliás, acho que até aumentou um bocadinho, com a possibilidade de fazer um estágio na área que adoro. Ainda falta muito por definir, foi só uma decisão que tomei recentemente e, com a ajuda de um serviço de apoio na busca de emprego e estágios da universidade (inexistente em portugal) posso começar a procurar.

Estou a adiar aos poucos aquilo que queria realmente escrever, mas é um assunto tão estranho para mim que não me consigo decidir. Acho que só quem passa por isso percebe que às vezes é pior admiti-lo do que lutar contra ele em segredo. Mas creio que não é segredo para nenhuma das pessoas que me conhece: eu sou na realidade uma pessoa tímida. No entanto é precisamente nesta palavra que começa toda a confusão.

O que é ser tímido afinal? Poucas são as pessoas que conseguem responder a esta aparentemente simples questão, isso o percebi quando finalmente reconheci a existência e persistência deste peso que me arrastava. Corar facilmente não faz de ti uma pessoa tímida embora o possas parecer aos olhos dos outros, percebi que essa minha característica sempre fez de mim alvo da atenção dos outros quando eu menos a queria.

Corar nem sempre é um sinal de embaraço e é assustador como a maior parte das pessoas assim o pensa, eliminando a minha possibilidade de ser algo mais do que uma pessoa tímida aos olhos daqueles que me rodeiam. O problema é que comecei também eu a acreditar nas destrutivas críticas que outros me dirigiam.

A minha luta envolveu perceber este problema mais que todos, e a minha crescente compreensão cedo ficou manchada de mágoa e revolta contra algumas atitudes condescendentes daqueles que me tentavam perceber (não estou a acusar todos, muito menos os meus amigos).

Com o passar do tempo percebi também que é uma luta constante e muito solitária, no fundo é uma luta para nos conhecermos melhor e confiar nas nossas capacidades. Por isso acredito que seja uma luta sem fim e sem apoios.

A timidez ocorre quando não somos capazes de encontrar em nós a força para nos afirmarmos enquanto pessoas valiosas. A meu ver a timidez é também uma luta de vontades: a vontade formada pelas humilhações e mau-tratos (principalmente psicológicos) que sofremos ao longo da vida e a nossa verdadeira força de vontade, aquela que, para muitos, espera ainda ser encontrada.

Contudo, há pequenos truques que fui aprendendo. Quando coramos a nossa reacção mais instintiva (pelo menos no meu caso) é esconder, e, na minha opinião a luta contra a timidez é algo contra-instintivo. Se sentes vontade de te esconder mostra orgulhosamente a tua face; se sentires que estás bem na tua pele e perceberes que não és o centro do mundo verás que os outros têm mais que fazer do que dar importância a algo tão banal como o teu rubor e desconforto.

Se a voz te falha no momento em que mais dela precisas e se a tua mente bloqueia perante momentos cruciais, o que eu faço normalmente é desafiar-me. Costumo pensar em algo do género: “vais recuar agora e matar a oportunidade de te afirmares?”, “o momento é teu, por isso farás aquilo que sempre fizeste, que é seres tu mesma.”, “ninguém se vai lembrar se fizeres algo de errado, e se se lembrar apenas podes ser afectada por palavras menos boas se deres importância ao assunto”.

Outro truque para não perder o controle de mim mesma e deixar de ser um brinquedo na mão da minha própria confusão é respirar fundo e pensar nalguma coisa que goste muito, ou então pensar no meu verdadeiro objectivo. Desta forma, a tempestade não acalma mas pelo menos deixo de lhe dar importância concentrando-me naquilo que está para além das minhas revoltas águas.

Espero que achem útil e sintam-se à vontade para discordar, eu sempre gostei de contra-argumentar.

Até breve

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