Como descobrir a tua vocação?

[Antes de continuares a leitura convém avisar que, com este post não pretendo indicar o caminho correcto na procura da vocação. Apenas pretendo oferecer-te a minha visão da aventura que supõe encontrar a profissão que mais se adequa a cada um de nós.]

A minha odisseia começou na época mais provável da vida de qualquer estudante: no 9ºano - quando tive que escolher a área que iria estudar nos próximos 3 anos antes de concorrer ao ensino superior (ciências, letras, informática, artes). Depois de uma consulta na psicóloga e após ter feito vários testes psicotécnicos apenas consegui ficar mais confusa!

E agora, mesmo com uma licenciatura no currículo e prestes a concluir o mestrado estou longe de descobrir a minha vocação, mas aprendi valiosas lições com as pessoas que foram cruzando o meu caminho.

  • Aquilo que chamamos de vocação é um conceito difuso
Afinal de contas, o que é a vocação? Mesmo depois de ter feito tantas vezes esta pergunta nunca tive uma resposta satisfatória. E embora muitas pessoas pareçam estar absolutamente seguras sobre a profissão e vida que escolheram, percebi que, na maioria das vezes isso é apenas uma fachada. Uma barreira com a qual escondemos essa nossa fragilidade.

Porque, mesmo que seja só de vez em quando, todos pensamos em como seria a nossa vida se tivéssemos escolhido outro caminho, todos temos dúvidas mesmo depois de anos numa mesma profissão.

  • Não existe um caminho único para cada um de nós
Embora seja uma crença geral que cada um de nós está talhado para uma tarefa específica, acredito que isso não podia estar mais longe da verdade. E acredito nisso por uma simples razão: pela nossa quase inesgotável capacidade de aprender.

Mesmo que com o crescimento o nosso cérebro perca a plasticidade que tinha na sua infância (e com isto diminua a nossa capacidade de assimilar novos conceitos) o ser humano nunca deixa de aprender ao longo de toda a sua vida. Por isso, nenhum caminho está fechado para nós!

  • Posso ser o que eu quiser... e agora??
Quando me dei conta que muitas estradas estavam abertas para mim entrei em pânico, porque me sentia sozinha no meio de uma grande encruzilhada. E demorei bastante tempo até perceber que, o que verdadeiramente importa nessa escolha, tem pouco a ver com o racional.

Na verdade, as escolhas académicas que fui fazendo na minha vida foram mais fruto da espontaneidade de um momento do que duma decisão cuidadosa e ponderada. Com isto percebi que, uma vocação é realmente: fazer aquilo que te faz feliz. E isso não é fruto da reflexão e da análise, é fruto dos nossos sonhos e das nossas mais profundas paixões.

Por isso, na hora de escolher o meu caminho apenas me pergunto: Onde queres estar dentro de 5 anos?
Enquanto me desligo do frenesim do agora e deixo a minha mente voar.


  • A escolha como fonte de stress
Nem todos sabemos que vamos ser médicos aos 5 anos de idade e mantemos essa convicção pela vida fora. A maioria das pessoas descobre tarde ou pode mesmo nunca descobrir a sua profissão ideal.

Isto acontece porque ao longo da nossa vida os nossos interesses mudam ou podem mesmo multiplicar-se! E às vezes sentimos que apenas vamos aumentando a nossa indecisão enquanto a sociedade espera que façamos uma escolha.

  • Mudam-se os tempos...
Na sociedade ocidental, principalmente na anglo-saxónica, um emprego raramente dura uma vida inteira. E com a crise económica é muito difícil que uma pessoa se consiga manter sempre na mesma área de trabalho.

Isto vem dificultar ainda mais a nossa escolha, certo? ERRADO. E esta não é apenas a minha opinião. A crise vai obrigar (e de facto já o está a fazer) que as pessoas diversifiquem a sua formação se querem ter mais oportunidades no mundo laboral. E esta situação romperá com a crença de que um trabalho e uma vocação é para toda a vida.

A crise é a oportunidade perfeita para percebermos que, como ser humano temos o direito a experimentar várias formas de vida. Acredito que, no futuro perceberemos que a verdadeira felicidade e realização pessoal passará por diversificar os nossos interesses, quebrando as monótonas rotinas actuais que não nos levam a parte alguma.

E talvez, um dia, possamos reencontrar no trabalho a motivação para continuar a sonhar!

Talvez uma opinião demasiado idealista, mas continua a ser valiosa para mim. E vocês: O que vos fez descobrir a vossa vocação?

Para saber mais podes ler o meu novo artigo: O caminho para encontrar os nossos talentos 
 
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9 comentários:

paulo | 18 de junho de 2010 às 10:27

Mais uma vez conseguiste colocar os meus pensamentos em palavras.
Não podias estar mais certa. Tal como tu continuo à procura...

batidodemorango | 18 de junho de 2010 às 15:52

É bom saber que não estou sozinha com estes pensamentos. Obrigada pelo comentário Paulo!
Abraços

Julianna Antunes | 19 de junho de 2010 às 16:02

Ana, vejo como vocação algo que me faz acordar todos os dias de manhã na maior empolgação. Para mim é completamente ilógico não aliar o nosso trabalho ao que gostamos. Por isso optei por trabalhar com sustentabilidade corporativa, já que me dei conta de que minha vocação - mudar o mundo - não era nada modesta (ok, se eu mudar o mundo do meu entorno já ficarei feliz), mas ao mesmo tempo não tinha vocação para a filantropia.

batidodemorango | 19 de junho de 2010 às 16:49

Excelente definição de vocação Julianna. Mas acredito que, a vocação (pelo menos para mim, não tem que se apoiar apenas nas aptidões e gostos que temos neste preciso momento.
O mais importante na realização pessoal é mesmo a nossa capacidade de desafiar os nossos próprios limites e procurar alargar os nossos próprios horizontes. Ás vezes é preciso sair da nossa zona de conforto e enfrentar situações com as quais pensamos que não estamos aptos para lidar; com isso seremos capazes de perceber que caminho nos fará realmente felizes.
Mudar o mundo é uma vocação necessária na sociedade de hoje. Só se pode esperar que existam cada vez mais pessoas com essa determinação. Se mudarmos pelo menos o nosso entorno as mudanças irão simplesmente seguir o seu próprio rumo.
Um abraço

marisa | 26 de julho de 2010 às 21:01

A minha vocação? Acho que ainda não a encontrei e penso que isso jamais acontecerá.. Os caminhos que fui tomando ao longo dos tempos foram deixados na mão de Deus e até hoje não me arrependi de nada.. E espero que assim continue... Caso isso aconteça, desejo ter a coragem suficiente para dar um passo a atrás e retome um caminho que me faça mais feliz...

Mas acho que também não existe um caminho certo e exacto para cada pessoa. Apenas uns trabalham ou tiveram a oportunidade de aprofundar mais umas capacidades do que outras.. O mais importante de tudo é que nos sintamos realizados no meio onde nos inserimos... E se não estivermos, que mudemos, porque com os erros é que nos aperfeiçoamos.

Beijinhos
Marisa Lopes

Ana Reis | 27 de julho de 2010 às 11:15

Olá Marisa,
Obrigada pelo teu comentário! Concordo completamente com tudo o que escreveste. As nossas capacidades no momento presente dependem das oportunidades que tivemos para as trabalhar e aprofundar.

Uma vocação é essencialmente quando te sentes feliz com o teu trabalho, quando esse trabalho dá mais sentido à tua vida.

E tenho a certeza que, se um dia tiveres que dar um passo atrás terás a coragem de o fazer se o quiseres com força suficiente.

Beijinhos,
Ana

Irina | 28 de fevereiro de 2012 às 20:10

Olá Ana,


Encontrei o teu blog numa altura da minha vida em que me encontro completamente perdida. Tenho 25 anos, e no 9º ano passei pela psicologa da escola que me deu uma grande ajuda ao dizer a seguinte frase "Tens vocação para tudo." (a mesma psicologa tinha dito ao meu irmão que ele tinha vocação para padre).
Nessa altura, apesar de tudo, uma coisa eu tinha a certeza, o meu futuro estava no 1º agrupamento (científico-natural). Actualmente tenho uma licenciatura e uma pós-graduação que em termos de empregabilidade não está nada fácil.
Perdi toda a certeza que tinha no 9º ano. Vocação? Não sei o que isso é. =S

Stela | 6 de maio de 2012 às 03:57

É pra esse tipo de artigo que vale a pena dar atenção. Vc desmonta toda essa estrutura que montamos dia-a-dia. Por isso é tão difícil chegar à própria essência.

Adorei o seu artigo! Vou sempre ficar por aqui agora.

yo | 3 de novembro de 2012 às 23:07

"Se a vida não tá do jeito que vc quis a ideia é procurar um caminho que te deixe feliz..." D2

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