O futuro do Grátis

A actual crise provocou uma "explosão" criativa de novos modelos de negócios. E a internet, tal como todas as tecnologias com ela relacionadas, aparecem neste panorama como a solução perfeita. A web apresenta excelentes vantagens e um potencial assombroso, no entanto, neste preciso momento, está longe de ser a resposta para os nossos problemas. 

Principalmente para os que sonham começar o seu próprio negócio na internet ou apostar num projecto pessoal, ganhar dinheiro online não será uma tarefa fácil. Isto é especialmente verdade quando falamos de ganhar dinheiro com blogs.

Porque digo isto?
  • Actualmente são poucos os que ganham uma quantia razoável com o seu blog;
  • Mesmo ganhando dinheiro temos que admitir que o potencial de crescimento é limitado - ainda ninguém consegue ficar milionário com este tipo de projecto;
  • E a rentabilização de um blog baseia-se, fundamentalmente, em modelos convencionais como é o caso da publicidade - que não traz grandes rendimentos.
Para entender mais sobre quais as principais formas de ganhar dinheiro com blogs actualmente, recomendo:
Estes foram alguns dos sítios que consultei para perceber mais sobre como ganhar dinheiro com o meu blog.

Nesta pesquisa fiquei assombrada, tanto pela quantidade de "receitas mágicas" que nos tentam vender a preços exorbitante, como pela ausência de modelos realmente alternativos aos modelos convencionais. Na minha opinião, os negócios por internet poderão realmente funcionar e ser lucrativos quando conseguirmos remodelar por completo o nosso conceito de negócio.

No entanto, esta tarefa é dificultada pela persistência e força da cultura do grátis. Ao ponto de deixamos de estar dispostos a pagar pelo que quer que seja.

Defendo o acesso aberto a conteúdos, mas, sinceramente, como é que ganharemos dinheiro com isso? Publicidade? Onde é que eu já ouvi isso...

Acredito que se realmente queremos revolucionar temos que saber vender por nós mesmos. E criar a cultura do "eu pago por produtos de qualidade" na internet. Sejamos sinceros, quantas vezes não compramos coisas em lojas e depois acabamos por nos arrepender? Se estamos dispostos a pagar por produtos em lojas convencionais porque não o fazemos na internet?

Porque na internet o que tem valor é o grátis. E são poucas as pessoas que estão dispostas a pensar doutra forma. Especialmente os chamados nativos digitais (que cresceram com a internet) e que cresceram numa sociedade que sempre transmitiu a ideia de que vivemos constantemente numa profunda escassez de dinheiro. Sejam sinceros, ainda se lembram da última vez que não estivemos em crise? Eu não!

Qual é o meu objectivo com este raciocínio? Simplesmente porque um pouco de contexto é essencial se pretendo que as minhas mensagens cheguem ao seu destino: vocês!

E se fosse possível mudar a cultura do grátis?
Eu acredito que é possível, ou que pelo menos teremos que lutar por isso para que a internet seja não só fonte de entretenimento, mas também uma ferramenta para construir negócios e disseminar ideias (de qualidade claro!).

Como os negócios online ainda não têm estabilidade este é o momento perfeito para experimentar diferentes ideias e trabalhar a nossa criatividade. No entanto, é importante aprender com algumas experiências pioneiras que começam a marcar timidamente a sua presença no mercado. Conheçam algumas delas:

1# - Flattr


A empresa foi fundada por Peter Sunde, um dos criadores do controverso site de torrents: Pirate Bay. No fundo funciona como o botão "gostar" do facebook ou como um voto num dos vários agregadores de conteúdos como o Digg ou o diHITT. Mas com este sistema temos a oportunidade de recompensar economicamente (ainda que a quantia seja simbólica) o criador do conteúdo.

Pessoalmente, considero esta uma ideia fantástica. No entanto não sei até que ponto terá a oportunidade de sobreviver nesta cultura do grátis. Primeiro é necessário aprender que: a qualidade deve ter um preço!

Uma excelente oportunidade para todos os realizadores que querem encontrar o seu espaço na cada vez mais estandardizada indústria cinematográfica. Os realizadores de filmes independentes têm a oportunidade de colocar as suas criações na página da companhia e atribuir-lhe o preço que acharem mais adequado.

Isto permite que o autor se liberte das habituais imposições por parte das distribuidoras, e permite uma interacção directa com os receptores dos conteúdos.

Se queres saber mais sobre o assunto recomendo esta entrevista feita pela Creative Commons à Film Annex.

3# - MySpace
Esta rede social para músicos permite que estes vendam as suas criações, mesmo quando não tenham um contrato com uma discográfica. Isto certamente reestruturará toda a indústria, porque neste processo é dispensável o intermediário e o contacto entre fãs e artistas passa a ser directo.

Acredito que esta é uma excelente oportunidade para acabar com o monopólio de alguns artistas (que cada vez mais correspondem a um perfil geral - comercial) e permitir que se desenvolvam novos talentos com o apoio directo de fãs.

4# - Doações
É uma ideia inspirada por uma entrada no blog espanhol ALT1040 - La Guía Geek (de leitura obrigatória, já me diziam: "o futuro é dos geeks"): "Ya pago yo, gracias". De facto porque não pode ser o próprio consumidor a decidir que quantia vai pagar por um produto? Mesmo que o possamos ter de graça!

É uma ideia que me fascina verdadeiramente, mas sei que actualmente não é uma opção viável, apesar de ser das mais democráticas que conheci e de pôr as cartas nas mãos do consumidor.

Infelizmente não creio que a qualidade (neste momento) desperte espontaneamente no leitor a vontade de recompensar economicamente o autor. Ainda nos falta um longo caminho a percorrer. Mas com preserverança talvez um dia seja possível.

Conhecem mais alguma iniciativa que tenta valorizar a qualidade na internet? E vocês: pagariam por um serviço de qualidade na internet?

Os comentários são todos vossos!

4 comentários:

Unknown | 21 de junho de 2010 às 12:09

Percebo que o que é proposto neste artigo, nada mais é do que um conceito revolucionário; uma quebra de paradigmas.

Convido-a a uma reflexão: será mesmo que na internet tudo é grátis? Vc aí da sua casa tem acesso à uma internet de banda larga gratuitamente? seja honesta.
Eu aqui, da minha casa, pago mensalmente um valor consideravelmente alto para estar conectado nesta rede. Qm lucra com isso são as operadoras de telefonia e distribuidaras de TV por assinatura. Então não há internet grátis até aqui.

Chegamos então aos conteúdos de internet. Há muito conteúdo disponibilizado somente mediante pagamento (o conteúdo dos jornais NYT (EUA) e Valor Economico (Brasil), por exemplo, site Itunes da Apple, entre outros). E por que simplesmente vamos aos conteúdos gratuitos? ora, pq já estamos pagando por eles! Empresas que disponibilizam conteúdos assim, ou são vítimas de pirataria, ou dispõe de sobra de caixa (dinheiro "a mais" ganho no mundo offline)e disponibilizam-no por aqui.

A questão é que buscamos o benefício "extra" sobre aquilo que já pagamos para utilizar diariamente. Se pago para conectar-me à internet, pq não posso ter qualquer benefício por isso? Devo pagar para conectar e ainda pagar "a mais" para acessar conteúdos?

Temos os emails grátis, embora hajam os pagos, temos as rádios gratuitas, emboram existam as pagas, temos os filmes de cinema, embora hajam as opções pagas, temos as versões gratuitas de livros no formato eletronico, embora hajam as versões impressas e caríssimas, e por aí vai.

É uma questão de escolha! Voce paga se quiser, e pode optar por isso ou NAO.

Pelo que vi, vc quer ganhar dinheiro com seu blog; quiçá ficar milionária com ele. Ora, vc pode disponibilizar seu conteúdo mediante pagamento. Pq não o faz?

O conteúdo que vc dissemina não é de qualidade? Se sim, entendo que haja muitas pessoas por aí dispostas a pagar por ele.

Cabe a você encontrá-las. O quer que elas venham a você também, sem qualquer esforço?

Quebrar um paradigma tão sólido como esse, oo do conteúdo gratuito, não é tão simples quanto parece. Tão pouco ocorrerá no longo prazo.

Creio que com a expansão da internet cada vez mais conteúdos ficarão gratuitos e as verbas publicitárias que os suportam migrarão para este veículo (web) e deixarão de serem investidas no mundo offline.

E ainda assim continuarão a existir os conteúdos pagos. Porém terão a competiçãos dos conteúdos gratuitos. Qm vencerá? Acho q essa é facílima de responder.

É minha opinião.

Abraços.

Daniel
www.ideiascorporativas.wordpress.com

Anónimo | 21 de junho de 2010 às 12:56

Obrigada por partilhar a sua opinião. Estimular este debate era um dos objectivos deste post.

Sou perfeitamente consciente de que pagamos para ter o acesso à internet, mas quem ganha neste negócio são simplesmente os provedores desse serviço.

O que pretendia com este post era reflexionar sobre a possibilidade dos "pequenos" produtores de conteúdos poderem ganhar dinheiro sem recorrer à publicidade. Não pretendo ficar milionária com o meu blog, este é apenas o meu projecto pessoal. Talvez um dia possa ganhar algo que complemente o meu salário, mas não é o meu objectivo neste momento.

Acredito que o facto de me ter dedicado nestes últimos tempos a produzir conteúdos de qualidade e a divulgar o meu blog responde à sua pergunta: se eu espero que os leitores apareçam sem qualquer esforço. Sempre disse em entradas passadas que um blog ganha reputação apenas com trabalho e muita dedicação.

Actualmente a migração das verbas publicitárias para o mundo digital é ainda bastante reduzida, por isso é tão difícil que um meio digital possa sobreviver por muito tempo só com publicidade.

Acredito que no futuro as empresas vão apostar mais em divulgar na internet, mas neste momento os conteúdos grátis (apenas suportados pela publicidade) não são rentáveis para os seus criadores ... a não ser talvez para uma privilegiada minoria.

A pirataria provocou claramente o advento dos produtos grátis na internet, mas esse é um tema que ultrapassa claramente o conteúdo deste post.

Espero ter respondido às suas perguntas.
Um abraço

Yolanda Hollaender | 27 de junho de 2010 às 20:05

Ana, com alegria informo que um dos blogs que indiquei para o selo Prêmio Sunshine Award foi o seu. Aguardo sua visita no PONTO DO POWER POINT!
Meu afetuoso abraço,
Yolanda

Anónimo | 28 de junho de 2010 às 14:47

Muito obrigada Yolanda! Sinto-me honrada por ter indicado o meu blog para o prémio :)
É como uma recompensa pelo meu esforço nos últimos tempos.
Um abraço

(P.S. certamente, estou atenta ao seu blog)

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